Mercado de Café – Comentário Semanal – de 5 a 9 de abril de 2010‏ – QUANTIDADE versus QUALIDADE

QUANTIDADE versus QUALIDADE



O índice Dow Jones fechou no maior nível desde o dia 15 de setembro de 2008, quando o Lehman Brothers foi à lona.


O IBOVESPA está distante apenas 3.38% do seu maior nível, alcançado em 29 de maio de 2008.


Os títulos chamados de “junk-bonds” (ou “high-yields” – juros altos) estão tendo o maior nível de emissão que se tem registro, quando comparados aos total de emissão de títulos corporativos – ou seja apetite ao risco aumentando.


A Grécia continua indo e vindo ao noticiário, e com os juros que seus títulos têm sido negociados, tudo indica que o pacote de ajuda vai ser usado antes do esperado.


O tema inflação foi a manchete de um dos principais jornais econômicos do mundo, com destaque para os índices de 9.9% na Índia, 9.1% na Argentina, 4.8% no Brasil e 2.2% nos Estados Unidos.


O dólar oscila ao sabor do desconforto ou conforto (que pode durar 5 minutos ou algumas horas) com a moeda européia, e no fim desta semana encerrou praticamente inalterado.


Commodities atraem compras de fundos de índice – que visam se proteger de inflação(?).


O presidente do FED por outro lado, diz que ainda há muito a ser melhorado no mercado de trabalho americano para que o crescimento ganhe tração e eventualmente gere risco inflacionário.


Tem notícias para todos os gostos!


O café não conseguiu romper os 140.00 centavos e escorregou para 132.70, encerrando o período com perda de US$ 6.22 por saca em NY. Na BMF a queda foi menor, US$ 3.60 por saca, e em Londres fechou praticamente inalterado.


Tecnicamente o mercado está com uma cara de que pode cair mais, porém temos alguns sinais no físico que podem ajudar a prover suporte aos preços.


A demanda para café fino continua forte, apesar de termos entrado na primavera no hemisfério norte. A disponibilidade de cafés suaves é baixíssima, como temos falado há algum tempo, e a safra brasileira, que está começando a ser colhida, ainda deve demorar algumas semanas para causar algum tipo de impacto nas vendas.


Até aqui nada de novo.


O ponto que pode mudar as cartas do jogo é o que aconteceu nos últimos 3 dias com os estoques certificados da ICE. De 5 a 9 de abril o inventário diminuiu em 145,835 sacas – o que são 6.52 vezes o desvio-padrão da queda observada nas últimas 52 semanas – estatisticamente significante!


Como já comentei neste espaço, o principal motivo de desalinhamento entre as cotações da bolsa de Nova Iorque e os diferenciais dos cafés suaves, está relacionado à qualidade dos estoques certificados, e o seu tamanho. Desta forma quanto mais os estoques certificados caírem, mais rapidamente veremos uma convergência entre diferenciais e o preço do terminal.


Alguns agentes do mercado apontavam como 2.5 milhões de sacas a linha divisória que faria com que a bolsa começasse a subir – o que não aconteceu. Honestamente não consigo reconhecer a diferença entre 2.5 ou 2 milhões de sacas, mas o que de fato é mais prático é acompanhar a velocidade da certificação/decertificação, e esta acelerou forte nesta semana.


Em uma semana foram usados mais cafés certificados do que durante todo o mês de janeiro.


Se foi uma retirada pontual ou não, só saberemos mais tarde, mas vale a cautela momentânea.


A “janela” para que uma alta forte aconteça ainda não fechou, e se imaginarmos que a escassez de cafés finos não será resolvida com o começo da safra brasileira – até porquê o produtor normalmente vende seus cafés piores ao iniciar a colheita, guardando seus melhores grãos para serem comercializados mais para frente – o cenário parece favorecer para uma alta.
É aquela estória antiga: há quantidade, o problema é a qualidade!


A virada do Euro na sexta-feira, e a conversa de inflação contribuem para prover suporte às commodities.


Sazonalmente o mercado de café tende a subir de agora até o meio de maio, algo que também pode ajudar.


Para finalizar fala-se que o Vietnã deve começar a reter café dentro do plano de ajuda do governo em financiar aqueles que se dispuserem a comprar café e aguardar por preços melhores. Faltam detalhes para mostrar solidez à esta estratégia, porém com os defaults se tornando mais frequentes no país, e assumindo-se que uma grande trade-house estaria por traz de “segurar” café, eventualmente o robusta pode encontrar um platô para seus preços.


Os torradores tem se mostrado bom compradores com a queda do mercado e proximidade do primeiro dia de notificação.


Nova Iorque precisa segurar acima de 130.00 centavos para que os fundos não voltem a ficar vendidos.


Uma ótima semana e muito bons negócios para todos.
Rodrigo Costa*
*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting
 

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