Café e trigo afetam resultado do setor; custo de produção, preços baixos e dólar barato prejudicam desempenho A produção de café, de 38,3 milhões de sacas no ano passado, caiu para 33,3 milhões neste ano.
O
setor agropecuário, que já iniciava perda de ritmo na participação no PIB nos
trimestres anteriores, mostrou forte desaceleração no terceiro deste
ano.
Dados divulgados ontem pelo IBGE mostram que o PIB agrícola teve um
recuo de 3,4% de julho a setembro, em relação ao desempenho de abril a
junho.
Custos de produção elevados, preços baixos das mercadorias, dólar
desvalorizado e queda na produção têm feito deste ano um dos piores para o setor
agropecuário nesta década.
Os dados do PIB mostram a virada do setor
agropecuário, que nos últimos anos vinha sendo o motor da economia e o líder no
saldo das exportações. A variação acumulada do PIB agrícola dos três primeiros
trimestres deste ano foi de apenas 1,5%, a menor dos últimos oito anos.
O
desempenho deste ano -de janeiro a setembro- fica bem abaixo dos 5,5% de média
registrados de 1999 a 2004 para o mesmo período.
Dois produtos foram
fundamentais para a queda: café e trigo. A produção de café, de 38,3 milhões de sacas no ano
passado, caiu para 33,3 milhões neste ano. No dia 9, a Conab informa os dados
definitivos do ano, que não devem ficar distantes desses.
Já a produção
de trigo, apesar de um bom início de colheita no Paraná, principal produtor
nacional, teve a produtividade prejudicada pela ocorrência de chuvas.
A
safra de laranja, que teve queda de 2,2% neste ano, também cooperou para a
redução de ritmo da produção agropecuária do terceiro trimestre.
Para o
ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, a retração do agronegócio no
terceiro trimestre foi resultado de um ano “complicadíssimo”, com seca, mau
desempenho de alguns produtos e a crise de febre aftosa.
“Tecnicamente,
isso é esperado. Neste ano, a agricultura vive um momento complicadíssimo. Nós
tivemos, como todos sabem, custos de produção que subiram muito.” Ele não
responsabilizou a política econômica e disse que a agricultura é uma atividade
que tem ciclos econômicos naturais”.
Colaboraram as enviadas a Puerto Iguazú