Aliado de Alencar e ex-secretário de Pimentel deve assumir Conab

Por: Valor Econômico

POLÍTICA
07/04/2010 
  

 
 
Mauro Zanatta, de Brasília

Alvo de intensa disputa de bastidor no governo e no Congresso, o comando da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deve ficar nas mãos de um indicado pelo vice-presidente da República, José Alencar (PRB). O administrador mineiro Rogério Colombini é o nome mais cotado para ocupar o posto deixado vago pelo novo ministro da Agricultura, Wagner Rossi.


Atual diretor de Operações e Abastecimento da Conab, Colombini preside o partido de Alencar em Minas Gerais e tem ligações com simpatizantes da candidatura de Fernando Pimentel (PT) ao governo estadual. Colombini foi secretário municipal de Abastecimento na gestão de Pimentel em Belo Horizonte – antes, já tinha servido ao antecessor, Célio de Castro.


A cobiça pela Conab é explicada pela função estratégica da empresa no setor rural. A estatal opera o amplo programa de subsídios financeiros embutido na política agrícola do governo federal. Na ponta, tem forte contato com produtores rurais e coordena as operações do Fome Zero. O orçamento da estatal beira R$ 5,5 bilhões para 2010. E a lista de nomes apadrinhados por políticos, sobretudo da bancada ruralista, é extensa. A Conab tem em sua estrutura 21 superintendências estaduais e 96 unidades armazenadoras de grãos em todas as regiões do país. O potencial de influenciar e captar votos nas regiões agrícolas é bastante expressivo.


Mesmo com a decisão influenciada diretamente por José Alencar, o PMDB, partido do novo ministro, resiste a ceder o cargo considerado estratégico para as eleições de outubro. A bancada ruralista do PMDB teria, ontem à noite, um encontro com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para reafirmar o interesse em manter o controle sobre a estatal.


Na briga pelo cargo, também estão outros dois executivos da Conab. O advogado petebista Alexandre Magno Aguiar, atual diretor de Administração, conta com o apoio do sogro, o deputado federal Armando Abílio (PTB-PB). E o agrônomo gaúcho Sílvio Porto (PT), diretor de Política Agrícola da estatal, tem apoio de parte do governo, localizado sobretudo nos ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Desenvolvimento Social. Além disso, conta com a simpatia de movimentos sociais do campo e com o apoio do ex-ministro Miguel Rossetto, hoje presidente da Petrobras Biocombustível.


Experiente nos bastidores do Congresso, o novo ministro Wagner Rossi optou pela cautela ao tratar do assunto em público. Afastou-se das polêmicas e disputas partidárias para evitar melindres a aliados do PMDB e a neoaliados na Conab. Além disso, uma indicação derrotada poderia queimar seu capital político adquirido com a nomeação bancada pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), cotado para ocupar a Vice na chapa da candidata petista Dilma Rousseff à Presidência.


Envolvida em diversos escândalos políticos na década de 1990, inclusive desvios de estoques públicos, a Conab foi alvo recente de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). O pente-fino do TCU apontou irregularidades ao longo de várias gestões nas áreas de armazenagem e jurídica da estatal.
 
 

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