A borra de café solúvel apresenta em sua composição substâncias de interesse alimentício e industrial como lipídios, proteínas e fibras. Estas substâncias são desperdiçadas quando a borra é descartada na terra ou usada simplesmente como combustível nas ca
Resposta Técnica Assunto Alimentos e bebidas Palavras-chave Café; Óleo de café. Identificação da demanda É possível fabricar óleo de café com os defeitos do 2. UTILIZAÇÃO DO ÓLEO NA FORMULAÇÃO DE COSMÉTICOS E NA INDÚSTRIA http://www.ctaa.embrapa.br/ped/071999367.htm
café próprio para bebida?
Solução apresentada
1. INTRODUÇÃO
A borra de café solúvel apresenta em sua
composição substâncias de interesse alimentício e industrial como lipídios,
proteínas e fibras. Estas substâncias são desperdiçadas quando a borra é
descartada na terra ou usada simplesmente como combustível nas caldeiras
geradoras de vapor que alimentam o próprio processo de produção.
Considerando a necessidade de minimizar o volume de efluentes e de
rejeitos oriundos do processamento do café solúvel, várias tentativas vêm sendo
feitas no sentido de desenvolver processos econômicos para o aproveitamento da
borra, como extração do óleo com solventes orgânicos ou hidrólise ácida para
obtenção de manitol via manose. Contudo, o óleo obtido da borra contém terpenos,
como o cafestol e o caveol,ácidos graxos livres e insaponificáveis, que o tornam
inadequado para consumo como produto alimentício.
A extração do óleo dos
grãos também pode ser uma alternativa para a utilização dos cafés de qualidade
inferior ou defeituosos. Neste sentido a EMBRAPA está realizando a
caracterização química e físico-química do óleo de café extraído, por prensagem,
de grãos verdes ou tostados, visando sua aplicação industrial em alimentos (http://www.ctaa.embrapa.br/ped/071999367.htm ). Por sugestão
do Sindicato das Indústrias do Café de Minas Gerais (Sindcafé), professores da
Escola de Engenharia da UFMG iniciaram pesquisa sobre a viabilidade do
aproveitamento dos grãos de café classificados como defeituosos para a produção
de biodiesel. O teor de lipídios nos diversos grãos de café varia bastante, mas
pode-se citar como média 15% no café arábica e 10% no café robusta. Estima-se,
assim, que de cada 100 quilogramas de café, é possível obter 12 quilogramas de
óleo. Apesar de produzir pouco óleo – a soja fornece 20% e o babaçu 60% de sua
massa -, o café possui vantagens em relação a outras oleaginosas, sobretudo
devido ao volume de sua produção e ao custo reduzido do processo de
aproveitamento dos grãos defeituosos, cuja separação já ocorre no beneficiamento
convencional.
O fato do café ser uma cultura consolidada, que conta com
ampla rede de agricultores e empresários organizados, é outro fator importante
para o aproveitamento dos grãos como combustível biodegradável. Diversificar o
destino dos grãos também interessa aos cafeicultores devido à queda sistemática
dos preços do café no mercado internacional nas últimas décadas.
ALIMENTÍCIA
O óleo de café verde (não torrado), por conter esteróis,
pode ser utilizado na formulação de cosméticos. Para que as propriedades
contidas no óleo sejam preservadas é necessário que se faça a extração a frio,
sem a presença de solventes. Testes prévios demonstraram que o melhor tipo de
café verde indicado para essa finalidade é o café arábica. O rendimento do
processo por extração a frio, porém, é baixo (http://www.coffeebreak.com.br/ocafezal.asp?SE=8&ID=402) .
Uma empresa paulista, de Espírito Santo do Pinhal, iniciou suas atividades em
1998 produzindo uma linha completa de produtos de beleza à base de óleo de café,
com cerca de 40 artigos diferentes, que incluem maquiagem, tratamento do corpo e
da face, colônias, produtos para tratamento de gorduras localizadas, estrias e
celulite(http://www.cosmeticnow.com.br/zanze.htm). No caso do óleo
extraído do café torrado, obtido diretamente pela prensagem dos grãos, tem-se
por objetivo sua utilização na área alimentícia, como recheios de balas, bombons
e trufas, formulação de licores, realçador do sabor em café solúvel, iced
coffee, cappuccinos, sobremesas diversas, sorvetes, pudins, doces e preparados à
base de leite.
A Figura 1 mostra o óleo de café produzido e comercializado
pela Cia. Generoso, do Paraná. Outras empresas, tais como Café Pelé, Café
Iguaçu, Cia Cacique de Café Solúvel, Odebrecht-Comércio e Indústria de Café
também já oferecem o produto no mercado, geralmente acondicionado em recipientes
plásticos com capacidade de 20 kg. Figura 1: óleo de café da Cia
Generoso
Informações complementares
A classificação do café
é uma fase muito importante no processo da comercialização desse produto. É
importante e necessário que o produtor conheça pelo menos um pouco do sistema,
para poder avaliar o seu produto e não ficar apenas confiando nos dados
fornecidos por aqueles que comercializam o café.
A determinação da
qualidade do café brasileiro compreende duas fases distintas: a classificação
por tipos ou defeitos e a classificação pela bebida. Além desses dois aspectos
principais o café pode também ser classificado por: peneira; cor; torração;
descrição.
A classificação do café por tipo é feita com base na contagem
dos grãos defeituosos ou das impurezas contidos numa amostra de 300g de café
beneficiado. Esta classificação obedece à Tabela Oficial para Classificação, de
acordo com a qual cada tipo de café corresponde a um número maior ou menor de
defeitos encontrados em sua amostra.
São considerados defeitos os grãos
imperfeitos (chamados defeitos intrínsecos) grãos pretos, ardidos, verdes,
chochos, mal granados, quebrados e brocados e as impurezas (defeitos
extrínsecos) tais como cascas, paus, pedras, cafés em coco ou marinheiros
encontrados na amostra. A cada um desses grãos imperfeitos ou impurezas
corresponde uma medida de equivalência de defeitos, que rege a classificação por
tipo.
Para proceder à classificação, amostras de 300 g de café são
recolhidas e acondicionadas em latas apropriadas. A seguir, em uma mesa provida
de boa iluminação, a amostra é espalhada sobre uma folha de cartolina preta. Os
defeitos são separados e contados segundo a Tabela de Equivalência de Grãos
Imperfeitos e Impurezas.
A base para se estabelecer a equivalência dos
defeitos é o grão preto, que é considerado o padrão dos defeitos ou defeito
capital. Como se pode ver na tabela, em geral são necessários vários grãos
imperfeitos para se obter 1 defeito, enquanto o grão preto, por si só,
corresponde a 1 defeito. (Fonte: http://www.megaagro.com.br/cafe/art_class_cafe.asp#int
).Conclusão e recomendações A bibliografia consultada indica que é possível a
extração do óleo de café a partir dos grãos com defeitos e mostra alguns dos
produtores que atuam nessa área.
Referências Sites
consultados:
http://www22.sede.embrapa.br/cafe/
http://www.cafegeneroso.com/cafe/scripts/produtos/oleo_de_cafe.asp
http://www.iguacu.com.br/prod/ptoleo.htm
http://www.odebrechtcafe.com.br/portugues/oleo/oleo.html
UFMG Centro de Comunicação. Café é matéria-prima para obtenção do
biodiesel.
Disponível em: http://www.ufmg.br/online/arquivos/001287.shtml Acessado
em 12/004/05.
ORMOND, J.G.P.; PAULA, S.R.L.; FILHO, P.F. Café: (Re)conquista
dos mercados. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, n.10, p. 45, set. 1999. Disponível
em: http://www.bndes.gov.br/conhecimento/bnset/set1001.pdf
Acessado em 12/04/05.
THOMAZIELLO, R.A . A classificação do café.
Disponível em: http://www.megaagro.com.br/cafe/art_class_cafe.asp#int
Acessado em 12/04/05.
Nome dos técnicos
responsáveis
Nelma Camêlo de Araujo Bolsista do SBRT
Regina
Lúcia Tinoco Lopes Especialista em Tecnologia de Alimentos do
CETEC
Nome da Instituição respondente
CETEC Fundação
Centro Tecnológico de Minas Gerais
Data de finalização 12/04/2005