FMI diz que PIB brasileiro foi “decepcionante”

O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro foi considerado decepcionante pelo FMI (Fundo Monetário Internacional). No entanto, para a vice-diretora-gerente da instituição, Anne Krueger, isso se deve pelas distorções de alguns dados.

1 de dezembro de 2005 | Sem comentários Comércio Mercado Interno
Por: ANA PAULA RIBEIRO da Folha Online, em Brasília

O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro foi considerado decepcionante pelo FMI (Fundo Monetário Internacional). No entanto, para a vice-diretora-gerente da instituição, Anne Krueger, isso se deve pelas distorções de alguns dados.

“O número do PIB ontem realmente foi decepcionante. Por outro lado, no meu entender, se você olhar os componentes desse número, não é tão negativo assim”, avalia.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou ontem que o PIB caiu 1,2% no terceiro trimestre do ano na comparação com o trimestre anterior.

Para Krueger, isso aconteceu porque os estoques estavam muitos altos e precisavam cair e porque houve distorções nos dados da agricultura, como a colheita de café, que costuma acontecer no terceiro trimestre mas que neste ano foi antecipada. Ela lembrou ainda que há indicadores que apontam uma recuperação nos dados de vendas em outubro e novembro.

“Flutuações trimestre a trimestre são normais. O mais importante é o resultado anual”, disse.

Ela também acredita que a crise política enfrentada pelo países desde o final do segundo trimestre possa ter tido alguma contribuição para o resultado. “Talvez esses dados sejam reflexos das dificuldades políticas, mas de nenhuma forma eles indicam uma deterioração da economia.” Krueger comentou ainda a recente discussão entre os ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Dilma Rousseff (Casa Civil). Ele defende um superávit acima da meta de 4,25% do PIB enquanto a ministra acha exagerado esse esforço fiscal –que está em 5,97% até outubro– e pede mais recursos para investimentos.

Para Krueger, o Brasil tem uma relação entre dívida e PIB elevada (51,1% em outubro), mas que a decisão por uma redução do esforço fiscal é do governo.

“É uma questão de escolha política. Alguém pode achar que uma redução mais rápida seja positiva porque há mais espaço para investimentos”, disse.

Sobre uma possível saída de Palocci, ela crê que isso não afetará a condução da política econômica brasileira, embora reconheça que o ministro “merece todo o crédito” pelos resultados dos últimos meses. “Mesmo se o ministro Palocci tivesse que sair a política básica continuaria.” Para ela, os resultados feitos pelo governo Lula são expressivos.

“O progresso que a economia brasileira tem tido desde a minha última visita é expressivo. A prudente política macroeconômica e o compromisso com as reformas estruturais têm sido a base para o governo do presidente Lula para conseguir uma recuperação do crescimento com baixa inflação.”

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