Supercomputador vai fazer previsões climáticas no Inpe

24 de fevereiro de 2010 | Sem comentários Mercado Previsão do Tempo
Por: Valor Ecônomico

24/02/10


Pesquisa: Equipamento será fornecido pela fabricante americana Cray


Virgínia Silveira, para o Valor, de São José dos Campos


O Brasil começa a operar, até o segundo semestre deste ano, um novo sistema supercomputacional de alta performance, que permitirá ao país aprimorar os estudos das mudanças climáticas globais e também as previsões de tempo e clima. O novo supercomputador terá uma capacidade de processamento quase 60 vezes superior a atual, consolidando a posição do Brasil como um dos seis maiores centros mundiais de previsão numérica de tempo e clima e de modelagem de mudanças climáticas globais.


A empresa americana Cray Inc., líder mundial no segmento de supercomputadores, foi selecionada para fornecer o novo supercomputador, que custará R$ 31,4 milhões e será instalado no Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), unidade do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cachoeira Paulista (SP).


A Cray foi a vencedora de uma licitação internacional, promovida pela Fundação de Ciência, Aplicações e Tecnologia Espaciais (Funcate) e da qual também participou, até a fase final, a japonesa NEC. O investimento para a compra do sistema será financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), através da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).


As duas entidades vão destinar R$ 35 milhões e R$ 15 milhões, respectivamente, para a aquisição do supercomputador, que também será utilizado pela Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas do MCT e pelo Programa Fapesp de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais.


Além de aperfeiçoar as atividades do Inpe em previsão do tempo, o novo sistema de supercomputação terá um papel estratégico nas pesquisas do novo Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST), criado pelo Inpe há cerca de um ano e meio.


“Com o novo sistema, o Brasil terá condições de desenvolver a sua capacidade de fazer simulações climáticas de longo período, na escala de décadas a séculos e gerar cenários climáticos futuros que permitam o desenvolvimento de políticas públicas de adaptação às mudanças climáticas e de mitigação das emissões de gases causadores do efeito estufa”, disse o chefe do CCST, Carlos Nobre, um dos maiores especialistas no mundo em pesquisas sobre mudanças climáticas.


Atualmente, segundo Nobre, apenas doze países detêm a capacidade de fazer simulações climáticas de longo período e, depois da China, o Brasil será o segundo país em desenvolvimento a deter esse conhecimento.


O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, disse que, apesar do resultado da licitação já ter sido publicado no “Diário Oficial da União”, o processo ainda não foi concluído, tendo em vista que ainda existe um prazo legal para eventual contestação da outra concorrente, a empresa japonesa NEC. “A nossa expectativa é que o contrato de compra do supercomputador seja assinado até a próxima semana”, comentou.


O CPTEC opera atualmente quatro supercomputadores. O novo equipamento, que será fornecido pela Cray, terá uma capacidade 15 mil vezes superior ao primeiro sistema, adquirido pelo Inpe no início da década de 90. A capacidade de processamento do novo supercomputador é de 15 TFlops ou 15 trilhões de operações matemáticas por segundo. As previsões de tempo também darão um grande salto, podendo fazer modelos regionais com resolução de até dez quilômetros.


Além do supercomputador propriamente dito, o novo sistema supercomputacional é formado por uma rede de comunicações e um sistema de armazenamento de dados. O custo total do sistema, segundo o diretor do Inpe, é de R$ 50 milhões, porque envolve também toda a parte de infraestrutura de energia e de manutenção do equipamento.



 

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