18/02/2010
agricultura Chuva Economia
Marli Moreira
Repórter da Agência Brasil
São Paulo – O clima irregular com excesso de chuvas registrado em dezembro, janeiro e fevereiro em São Paulo, trouxe efeitos para os cafezais. Os problemas têm sido as floradas desiguais ou diversas floradas. Isso provoca o desenvolvimento do fruto em fases diferenciadas – enquanto alguns estão em granação, outros podem estar no ponto da colheita.
Em conseqüência, o grão a ser colhido a partir de maio corre o risco de ir para o mercado com baixa na qualidade, adverte o engenheiro agrônomo Saulo Saleiros, da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas da Alta Mogiana, entidade que reúne produtores dos municípios de Franca, Pedregulho, Cristais Paulistas, Jeriquara, Ribeirão Corrente, Patrocínio Paulista e São José da Bela Vista.
Segundo ele, nesse período do verão tem chovido pouco na região, mas as chuvas fora de época durante o inverno atrapalharam o processo natural de desenvolvimento da planta.“O café se desenvolve com tempo chuvoso e quente, mas precisa do momento seco e frio para o estado de dormência necessário ao seu metabolismo”, explicou Saleiros.
Ele acredita, no entanto, que em termos de quantidade, a maioria não terá do que reclamar. Dados apurados pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) no escritório regional da secretaria em Ribeirão Preto indicam estimativa de perdas de até 10%, principalmente pelo comprometimento da infraestrutura para o escoamento da safra.
Além de implicar maiores custos para a colheita e o beneficiamento, o excesso de umidade fora de hora pode levar alguns grãos a ficar murcho, alertou o pesquisador científico do IEA, Celso Vegro. Ele acrescentou que em razão das fases mistas de grãos maduros com outros sem estar no ponto certo de maturação, ou ainda verdes, o resultado poderá ser “o daquele gosto adstringente da bebida”.
A previsão para a safra 2010, feita em janeiro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indicou um crescimento de 12,7% a 19,9% na colheita no estado, passando de 3,8 milhões para 4,1 milhões de sacas de 60 quilos.
São Paulo ocupa a terceira colocação no ranking nacional, que é liderado por Minas Gerais ( com previsão de 24,7 milhões de sacas de 60 quilos), seguido pelo Espírito Santo ( 12,04 milhões). O Brasil é o maior produtor mundial e deve colher entre 45,8 milhões e 48,6 milhões de sacas, incluindo os tipos arábica e conilon, o que representará de 16,3% a 23,3% a mais do que na safra anterior.