02/02/10
No primeiro mês do ano a balança comercial apresentou um déficit de US$ 166 milhões, relativamente modesto. É difícil, porém, ver nisso uma tendência que possa ser projetada para o ano de 2010.
Em comparação com janeiro do ano passado, houve um aumento de 21,3% das exportações e de 15,6% das importações. Em relação ao mês anterior, houve queda de 17,6% nas exportações e de apenas 6,6% nas importações.
O mês de janeiro é um período de retração de negócios, e as empresas utilizam seus estoques. No entanto, em janeiro deste ano o fato novo foi a elevação de 8,15% do dólar, o que, em princípio, favorece as exportações, enquanto as importações devem mostrar queda. É bom lembrar que os dados da balança comercial são relativos a estatísticas aduaneiras e que os efeitos da desvalorização da moeda não podem ser captados num prazo tão curto: tanto as exportações quanto as importações foram, de um modo geral, encomendadas muito antes da desvalorização.
Isso nos leva a considerar as perspectivas de curto prazo. A taxa cambial reflete, em parte, a nova exigência do Conselho Monetário Nacional em relação às operações de derivativos realizadas no exterior, que eliminam algumas operações especulativas. É possível que a taxa cambial volte a se fortalecer, como antecipa a opinião do mercado na pesquisa Focus.
Porém, outros fatores estão na origem da desvalorização do real, como a previsão de aumento do déficit das transações correntes, o crescimento da estatização que o governo promove e até a incerteza em torno do resultado das eleições de outubro.
Outros elementos poderão ditar o rumo do comércio exterior nos próximos meses. A demanda externa continuará fraca diante da lentidão da recuperação dos países do Primeiro Mundo e do freio dado ao crescimento da China.
Podemos também considerar que os países mais atingidos pela crise conseguiram, com a forte demanda dos países emergentes, reduzir seus estoques e que o período das liquidações está perto de acabar.
Por isso devemos nos preparar para maiores preços dos produtos importados, o que poderá ser agravado por uma taxa cambial do real menos valorizada. Assim, acredita-se numa forte redução do superávit da balança comercial, que contribuirá para aumentar o déficit em transações correntes, especialmente se o crescimento do PIB ultrapassar 5%.