ECONOMIA
01/02/2010
Agronegócio. Ponto de Vista
A cultura do café e suas lacunas na economia
Wolmar Roque Loss
Engenheiro agrônomo
O governo federal divulgou a primeira estimativa da safra 2010/2011, sinalizando para uma produção em torno de 48 milhões de sacas. Bem verdade, é cedo para qualquer projeção, haja vista o veranico que assola o Espírito Santo, segundo nacional de café e o primeiro na produção de conilon, além de partes da Zona da Mata Mineira e do Sul da Bahia.
Neste momento, as operações com café estão centradas no curto prazo e parece que as estimativas de safras, para mais das previsões do Governo, feitas pelo mercado nos países consumidores, pouco estão afetando os preços no mercado spot. No curto prazo, o comportamento dos preços internos estão mais sob a influência da taxa de câmbio e da demanda por embarques do que por comportamento futuro da nova safra cheia esperada para o Brasil.
De outro lado, os estoques internos de passagem, ao final das safras 2007/2008, 2008/2009 e as estimativas para os estoques da safra 2009/2010 estarão em níveis 50% inferiores aos estoques médios das safras de 2004/2005, 2005/2006 e 2006/2007. Em grandes números isto significa uma redução média nos estoques de passagem de 25 milhões do triênio 2005/2007 para 12,50 milhões, no triênio 2008/2010, no total do país.
No âmbito dos países consumidores, as informações são de que os estoques ao longo do exercício de 2009 ficaram superiores ao comportamento histórico, devendo terminar a safra 2009/2010 com cerca de 27 milhões de sacas, contra 17 milhões dos países produtores. Considerando razoáveis esses números, talvez se explique a elevada correlação entre os preços do café e o câmbio, podendo essa desproporção de estoques, entre países produtores e países consumidores, explicar os movimentos de baixa nos preços do café cujo início se deu a partir de meados de 2009. Mantida essa desproporção, certamente haverá espaço de manobras especulativas sobre os preços do café na próxima safra.
Diante desse quadro que favorece as especulações de preços, não há outra coisa a fazer senão o Governo Federal mostrar dinamismo nas intervenções de mercado, tomando decisões firmes na seguinte direção: pagando sem atrasos os compromissos já assumidos com os produtores; continuar comprando café aos preços mínimos de garantia; definir logo as intenções de lançamento de contratos de opção; (iv) divulgar preços mínimos de garantia para a próxima safra, minimamente remuneradores dos custos totais dos produtores.