29/01/10 – Produtores de Patrocínio, em Minas Gerais, desistiram de entregar o café para o governo nos chamados contratos de opção. Com o atraso no pagamento, esse tipo de negócio não está mais valendo a pena.
O cafeicultor Antônio Hortense, de Patrocínio, no Alto Paranaíba, comprou no leilão do governo federal, em julho do ano passado, a opção para a venda de 200 sacas de café e entregou em novembro para receber até 15 de dezembro R$ 303,50 por saca. Mas o pagamento atrasou 45 dias e o lucro se foi.
“A gente tinha os compromissos e a gente deixou de comprar muitos produtos para ser aplicado na lavoura na época certa. Então, eu acho que tive prejuízo nesse caso”, avaliou seu Antônio.
De acordo com a Conab, no primeiro leilão o governo federal vendeu mais de 6,5 mil contratos de opção. Isso equivale a cerca de três milhões de sacas de café. Mas por não ter certeza de receber no prazo estabelecido pelo próprio governo, produtores de café em Minas Gerais, que pagaram pela opção, estão resolvendo arcar com o prejuízo e desistindo de entregar o produto.
Um exemplo é o cafeicultor Marcio Montanari, também de Patrocínio. Ele venderia 400 sacas de café. Entregou apenas cem e nem pensa em entregar o resto. “Eu calculo que seria praticamente elas por elas. Não haveria acréscimo no café”, justificou.
Cerca de 80% dos contratos foram comprados por cooperativas. Apenas uma em Patrocínio comercializou quase cem mil sacas. Mas entre os cooperados que deveriam entregar o café agora, quase a metade desistiu do negócio.
Os produtores que estão renunciando ao contrato perdem o que já pagaram ao fechar o negócio com o governo. No primeiro leilão, este valor correspondeu a R$ 9,00 por saca.