A Vale aposta que o consumo de fertilizantes no Brasil crescerá mais rápido do que no resto do mundo nos próximos dez anos. A participação do País no ranking mundial destes produtos à base de potássio vai aumentar de 14% para 18%, enquanto a parcela do Brasil na demanda de fertilizantes oriundos de fosfato subirá de 9% para 13,5% no período. A mineradora anunciou nesta quarta-feira que adquiriu 100% dos ativos de fertilizantes da Bunge no País, por US$ 3,8 bilhões.
O Brasil é o quinto maior consumidor de fertilizantes do mundo, mas sua produção não acompanha essa demanda. O País se tornou o segundo maior importador de produtos fosfatados e de potássio. A insuficiência de produção própria, aliada ao potencial de crescimento do setor de alimentos, preocupa – ou pelo menos preocupava – o governo federal.
“Esperamos que o consumo de fertilizantes no Brasil cresça mais rápido do que no resto do mundo nos próximos dez anos, influenciado não só pelo aumento das culturas voltadas para exportação, mas também daquelas mais orientadas para o consumo doméstico, como arroz, feijão e batata, e pela maior utilização de nutrientes por área”.
De acordo com a Vale, o Brasil tem potencial para crescer na produção agrícola tanta pela abundância em reservas de água doce como pela grande extensão de seu território. A produção de biocombustíveis — aliado ao fato de ser dos maiores produtores de soja, café, algodão, laranja, açúcar, entre outros produtos — alimenta as projeções da Vale.
“Dado que as lavouras para a produção de biocombustíveis – milho, cana de açúcar e palma – necessitam da aplicação mais intensiva de fertilizantes, eles passaram também a influenciar a demanda global por nutrientes. Neste contexto, o Brasil possui papel extremamente relevante dada a magnitude de sua agricultura – colocando-se entre os maiores produtores e exportadores mundiais de soja, milho, suco de laranja, café, cana de açúcar, algodão, carnes, fumo e etanol, entre outros produtos – e seu potencial de expansão”, justifica a companhia.
Por outro lado, a Bunge informa que manterá o negócio de varejo em fertilizantes no Brasil. E também manterá suas operações de fertilizantes da Argentina e nos Estados Unidos. A empresa confirma, em nota publicada em seu site, que a Vale adquiriu a participação de 42,3% que a empresa detém na Fosfértil, bem como as minas de fosfato integralmente pertencentes à Bunge, além de suas instalações produtivas, as plantas de processamento de fosfato.
“Esta transação representa uma oportunidade de realizar o valor destes ativos imediatamente a um preço atraente. Nos permite redirecionar capital para aumentar a escala de nossos negócios de produtos e ingredientes alimentícios e agronegócio em nível global, além de ampliar nossa expansão em cadeias de valor complementares, como a de açúcar. Vemos grandes oportunidades de crescimento na construção de nossa presença global, alavancando nossas capacidades comercial, de logística e de gestão de risco por meio de um portfólio de produtos mais abrangente. Acreditamos que esta abordagem acrescentará maior valor para nossos acionistas no longo prazo”, declarou, por meio do comunicado, Alberto Weisser, Chairman e Chief Executive Officer da Bunge.