País teme não dar conta da demanda por café

O consumo de café elevou o ritmo de crescimento tanto no mercado interno como no externo, mas a oferta do produto pode não acompanhar essa demanda. Segundo ele, o parque cafeeiro brasileiro está envelhecido, perde produtividade e deveria ser renovado em p

22 de novembro de 2005 | Sem comentários Origens Cafeeiras Produção
Por: Correio Braziliense da FolhaNews


O consumo de café elevou o ritmo de crescimento tanto no mercado interno como no externo, mas a oferta do produto pode não acompanhar essa demanda. A preocupação é de Linneu da Costa Lima, secretário de Produção e Agroenergia do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Segundo ele, o parque cafeeiro brasileiro está envelhecido, perde produtividade e deveria ser renovado em pelo menos 40%. Essa perda deveria levar os produtores a começar já a renovação. Do contrário, o país não conseguirá manter a participação que tem no mercado externo, segundo o secretário.

O Brasil exporta hoje 26,5 milhões de sacas de café por ano, em um mercado mundial [de exportações] de 86,5 milhões de sacas, conforme dados da Organização Internacional do Café.

A participação atual do Brasil é de 31% do mercado mundial. Para manter o mesmo percentual, o Brasil precisaria produzir pelo menos 60 milhões de sacas em dez anos, segundo Costa Lima.

A alta do consumo mundial fica evidente pelos próprios números do Brasil. Reunidas em Cabo de Santo Agostinho (PE), na semana passada, as indústrias brasileiras, que vivem período de forte expansão do consumo nos últimos anos, esperam aumento médio de ao menos 7% anuais na demanda nos próximos cinco anos.

Pelos dados da Abic (associação das indústrias), o consumo brasileiro de café deve atingir 21 milhões de sacas em 2010. Hoje, é de 15,5 milhões de sacas. Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, de Santos (SP), diz que essa meta “é bastante ousada, mas possível”.

Além da boa evolução interna, há também a expectativa de aumento no mercado mundial. Guilherme Braga, do Cecafé (conselho dos exportadores), diz que, em dez anos, o consumo mundial, que atualmente está em torno de 115 milhões de sacas, poderá atingir 145 milhões.

Os números das principais empresas exportadoras de café confirmam essa tendência de crescimento do consumo mundial. Ernesto Illy disse que, pela primeira vez, as exportações da Illycaffè vão superar o consumo interno italiano. A empresa fecha o ano destinando 52% do volume produzido para o mercado externo.

As perspectivas para o Brasil continuam boas no setor de café. Braga diz que as receitas devem somar US$ 2,8 bilhões neste ano, elevando a participação do produto para 8% da balança do agronegócio. Há dois anos, essa participação era inferior a 3%.

Se confirmado esse desbalanço entre produção e consumo no Brasil nos próximos anos, os preços sobem no mercado internacional. O que parece ser bom para o produtor em um primeiro momento pode trazer sérios prejuízos mais tarde.

Ciclo ruim
Incentivados por essa alta, novos produtores vão entrar no mercado, o que aumentará a oferta e derrubará os preços novamente. E esses ciclos de altas e baixas nos preços e na oferta de café são muito ruins para o setor.

O secretário do Ministério da Agricultura diz que a produção do Brasil, o maior parque cafeeiro do mundo, deverá ser suficiente para manter os preços da saca acima de US$ 100, mas abaixo de US$ 120. Esses valores são competitivos para os brasileiros e impedem a entrada de novos participantes no mercado, já que os custos nos concorrentes são, em geral, maiores do que os no Brasil.

A renovação lenta dos cafezais brasileiros se deve, em parte, aos custos. O setor acaba de sair de um período de preços baixos e está descapitalizado. Os custos atuais de renovação são de R$ 6.000 a R$ 7.000 por hectare.bic.

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