Rio de Janeiro, 19 de Novembro de 2005 (Exclusivo para Revista Cafeicultura)
Cabo de Santo Agostinho, Recife, PE, 19 de novembro – – O Encafé, evento organizado pela Abic, terminou com a consolidação do Programa de Qualidade do Café (PQC), cuja ação principal consiste no Selo de Qualidade nas embalagens dos cafés torrados vendidos no Brasil.
Até agora, 15 indústrias e 103 marcas aderiram ao programa. A grande expectativa é a possível adesão das multinacionais, Sara Lee, Elite e Melitta, que possuem as marcas líderes Pilão, Três corações e Melitta. Os representantes destas empresas no Brasil não sinalizaram ainda o que irão fazer. O diretor da Abic, Nathan Herszkowicz, disse que estão havendo reuniões com as multinacionais, para explicar o funcionamento do programa e convencê-las de que será extremamente benéfico para a elevação da qualidade do café brasileiro.
Como se trata de uma medida pioneira, sem precedentes no mundo, as multis estão hesitantes, esperando aprovação de suas matrizes no exterior. Nathan está otimista, diz que, cedo ou tarde, elas vão entrar.
De qualquer forma, o XIII Encafé terminou com uma grande vitória para o PQC, e que deve pressionar muitas indústrias a aderirem ao programa, inclusive as multis. O grupo Pão de Açúcar, líder de varejo no país, assinou um termo de compromisso com a Abic, segundo o qual todas as lojas do grupo irão dar preferência às marcas com o Selo de Qualidade.
Poucos produtores estavam presentes ao Encafé. Do setor produtivo, vimos apenas os representantes do Conselho Nacional do Café (CNC), que vieram para a reunião do Conselho Deliberativo de Política do Café (CDPC), realizada sexta-feira 18, Maurício Miarelli, presidente e Alberto Duque Portugal, diretor executivo. João Pulliti, diretor da comissão de café da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), também esteve presente.
Entrevistamos diversas personalidades para o site Coffeenetwork, como João Lopes Araújo, presidente de honra de Assocafé (Bahia) e cafeicultor, Natal Martins, presidente da Café Canecão, torradora paulista, e Lourenço Del Guerra, dono da Pinhalense, líder em venda de máquinas de descascamento de café. Guerra estimou que o Brasil deve produzir 4 milhões de sacas de cereja descascado no ano que vem.
No geral, todos acreditam em preços ascendentes para os próximos meses, antes da entrada da safra brasileira. Tanto os industriais como os produtores entrevistados revelaram que não ficarão surpresos com uma eventual explosão dos preços nesse período.
* Miguel Barbosa, 30 anos, é editor do site Coffee Business e do Anuário Estatístico do Café. Também é repórter e colunista de CoffeeNetwork.
coffee@coffeebusiness.com.br
www.coffeebusiness.com.br