TUDO CAMPO
11/12/2009
Melhoramento acelerado
Clonagem reduzirá tempo de desenvolvimento de cultivares pela metade
Produtores de café arábica poderão, em breve, ser beneficiados com uma tecnologia que será testada no campo. Habitualmente, a espécie Coffea arabica é comercialmente propagado por sementes, mas essa realidade pode se modificar a partir do próximo ano, quando serão distribuídas as primeiras mudas clonais de café arábica produzidas em larga escala em uma biofábrica-piloto, via embriogênese somática. O objetivo inicial é validar a tecnologia e avaliar o comportamento dos clones junto a produtores rurais de várias cooperativas de Minas Gerais.
A iniciativa é da Embrapa Café, Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Fundação Procafé, por intermédio da Secretaria de Ciência e Tecnologia de Minas Gerais (Sectes).
Essa pesquisa teve início há 12 anos, selecionando, por meio da propagação vegetativa, plantas matrizes com características de grande interesse agronômico, pois apresentam resistência ao bicho-mineiro e à ferrugem, têm boa qualidade de bebida e alta produtividade.
O desenvolvimento de cultivares de Coffea arabica é um processo que costuma demandar cerca de 30 anos até que uma nova cultivar chegue ao campo, de acordo com Carlos Henrique Carvalho, pesquisador da Embrapa Café. Esse tempo pode ser reduzido para cerca de dez anos com a seleção de plantas matrizes e produção de mudas clonais por embriogênese somática. Essa técnica é considerada a alternativa mais adequada para a multiplicação de plantas híbridas em larga escala. A produção em pequena escala para avaliação experimental de plantas matrizes já é dominada pelas instituições participantes do projeto.
BENEFÍCIOS
Segundo Carvalho, alguns benefícios da propagação vegetativa, são a possibilidade de produzir mudas de plantas matrizes com características de grande interesse e que dificilmente seriam reunidas em uma cultivar propagada por sementes, como resistência ao bicho-mineiro e à ferrugem, boa qualidade de bebida e alta produtividade. A resistência incorporada neste material evitaria o controle químico que onera o custo de produção e representa risco à saúde e ao meio ambiente.
O programa de melhoramento genético do café trabalha para o desenvolvimento de cultivares que aliem resistências, qualidade superior de bebida e elevada produtividade.
Porém, a fixação destas características é difícil, havendo ainda grande segregação para resistência ao bicho-mineiro e produtividade pouco uniforme. Para que este material chegue ao mercado pelo método tradicional, estima-se um prazo de dez a 15 anos. Porém, a produção de cultivares clonais a partir de plantas superiores permitirá a liberação comercial em um curto espaço de tempo.