EXTERIOR
11/12/2009
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) insistiu ontem aos países reunidos na cúpula da ONU de Copenhague para incluir a luta contra a pobreza nas negociações porque considera que a fome é a primeira consequência da mudança climática. “É urgente que a comunidade internacional se comprometa para que os países mais vulneráveis possam adotar estratégias de segurança alimentar”, afirmou o diretor- geral da FAO, Jacques Diouf.
Em entrevista coletiva, a ministra dinamarquesa de Agricultura, Eva Kjer Hansen, ressaltou que a pobreza e a mudança climática são já os dois “maiores desafios” da Humanidade.
PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL
A agricultura representa 14% das emissões globais de gases do efeito estufa o que, somado ao desmatamento — com 17% — coloca o uso da terra com um terço do total de emissões. A ministra insistiu que a agricultura não deve ser vista unicamente como “parte do problema” da mudança climática, mas como uma “via essencial” para a solução. Para ela, se forem aperfeiçoados os métodos agrícolas a partir do ponto de vista sustentável, também será possível aumentar a produtividade e contribuir para o combate da fome.
Pelos dados da ONU, a população mundial passará dos 6,7 bilhões atuais aos 9,1 bilhões em 2050, o que acarretará uma grave “escassez” de alimentos e uma maior competitividade pelos recursos naturais, explicou o senegalês Diouf.
A instabilidade climática e o aquecimento global se transformaram em uma “séria ameaça” para a produção mundial de alimentos, suscetível a fenômenos como inundações e secas, conforme a FAO. “Não existe segurança alimentar, sem
segurança climática”, complementou Hansen.
COMPROMISSO
O secretário de Estado americano de Agricultura, Thomas Vilsack, destacou que a agricultura é a face “mais vulnerável” à mudança climática e expressou o compromisso do presidente Barack Obama com os pequenos agricultores quanto à inovação tecnológica e à promoção de energias renováveis.
“Estamos diante de uma grande oportunidade de configurar uma nova economia mundial vinculada à produção e ao consumo regional, que tem um menor impacto ambiental”, afirmou Vilsack.
O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Gilberto Câmara, defendeu que o aquecimento global se limite a dois graus acima dos níveis pré-industriais, mas afirmou que o Brasil sentirá os efeitos em culturas como arroz, soja e café.