ARTIGO – Análise dos custos de produção de café arábica e robusta no Estado do Espírito Santo

03/12/2009]



Flávia Maria De Mello Bliska
Instituto
Agronômico
 

——————————————————————————–
 
Celso
Luis Rodrigues Vegro

Mestre em Desenvolvimento, Agricultura e
Sociedade e Pesquisador do IEA
 
 

No Estado do
Espírito Santo, a avaliação dos custos de produção, como instrumento de gestão
para acompanhamento da economia cafeeira, foi realizada mediante aplicação de
questionário in loco, a representantes de informantes-chave da cadeia
produtiva do café neste Estado, em suas principais regiões cafeeiras: Alto
Caparaó (região de Venda Nova do Imigrante, Domingo Martins e Iúna – arábica);
Caparaó (região de Alegre – robusta); Noroeste (região de São Gabriel da Palha –
robusta) e Norte Litorâneo (região de Linhares – robusta).

O levantamento
se refere à safra 2006 e permite a comparação dos resultados entre as regiões
cafeeiras, em uma mesma safra, utilizando-se a mesma metodologia.

Os
resultados apresentados no quadro1 indicam que o custo médio total de produção
de café observado na região do Alto Caparaó, onde está concentrada a produção de
café arábica do Estado, foi de R$191,50/sc. Quanto ao café robusta, o maior
custo de produção foi obtido na região do Caparaó, R$135,10/sc, onde a
utilização de sistemas de produção irrigados tem sido
observados.

Quadro 1. Custos operacionais totais de produção do
café arábica e café robusta nas principais regiões produtoras do Estado do
Espírito Santo (R$/ha e R$/saca de 60kg), safra 2006.






* Médias aritméticas
por região.
Fonte: Centro de Café ‘Alcides Carvalho’ – Instituto Agronômico /
IAC.
Clique na imagem para ampliá-la.


No quadro 2, os resultados
são subdivididos por atividade do sistema de produção (total gasto com insumos e
com operações em cada atividade), o que permite ao produtor visualizar os pontos
de seu sistema de produção que merecem maior atenção ou
reestruturação.

Quadro 2. Estrutura de custo de produção de café
arábica e café robusta (operações + insumos), em R$/sc e R$/ha*, nas principais
regiões cafeeiras do Estado do Espírito Santo, safra 2006.





Fonte: Centro
de Café ‘Alcides Carvalho’ – Instituto Agronômico / IAC.

Com relação à
nutrição dos cafezais, o maior percentual gasto com a utilização de
fertilizantes (formulados, elementos simples, micronutrientes e adubos
orgânicos), em relação ao custo total de produção, por saca beneficiada de 60kg,
foi obtido na produção do café robusta, na região do Caparaó (37%). Com relação
às capinas (químicas, mecânicas ou manuais), o maior percentual também foi
obtido para o café robusta nessa mesma região (11,8%).

Com relação à
colheita, na cultura do café robusta essa atividade chegou a representar 39,9%
do gasto total por saca produzida no Norte Litorâneo do Estado (região de
Linhares), percentual superior, inclusive, ao gasto com a colheita do café
arábica na região do Alto Caparó, onde essa atividade representou 31,8% do custo
total por saca produzida.

O percentual gasto com o preparo do café
robusta, em relação ao custo total por saca, variou de 4% no Caparaó e 7% no
Noroeste do Estado. Esses valores são superiores ao percentual gasto com o
preparo de café arábica no Estado do Espírito Santo, estimado em 3%.O menor
percentual de gasto com beneficiamento do café robusta foi obtido no Caparaó
(2,9%) e o maior valor na região Noroeste (4,5%). Esses valores são superiores
ao percentual gasto por saca beneficiada de café arábica no Alto Caparaó
(2,1%).

Os percentuais gastos com preparo e beneficiamento do café
arábica no Estado do Espírito Santo, em média inferiores aos identificados na
cultura do robusta, podem indicar deficiências nos processos utilizados nessa
etapa da produção, e, consequentemente necessidade de implantação de melhorias
visando a obtenção de café arábica de qualidade superior.

Os gastos
percentuais com o item “Outros custos”, que inclui podas (recepa,
esqueletamento, decote, condução, limpeza), transporte (produtos, insumos,
terreiro, mão-de-obra), irrigação, energia, arruação, conservação de
carreadores, análises de solo, utensílios (custeio e colheita), na cultura do
robusta chegaram a 28,3% no Noroeste do Espírito Santo e 24% no Caparaó,
enquanto no Norte Litorâneo correspondeu a 17,9%. Na cultura do arábica, no Alto
Caparão atingiu 18,2%. Esses percentuais podem refletir o peso dos gastos com
irrigação do robusta nas regiões Noroeste e Caparaó.

A diferença
fundamental na estrutura de custos de produção dos cafés arábica e robusta neste
Estado foi observada no aspecto fitossanidade, uma vez que, de modo geral, os
produtores não utilizam controle fitossanitário na cultura do robusta. O
percentual gasto com esse item na cultura do arábica, no Alto Caparão, é
estimado em 6,3% do custo total da saca beneficiada.

Mais Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.