Arquivo Epamig
A pesquisadora Sara Chaufon na biofábrica
Uma biofábrica, capaz de isolar microorganismos que podem ter várias finalidades na agricultura, foi desenvolvida por instituições fundadoras do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, e já está inserida no programa de incubadoras da Universidade Federal de Lavras (Ufla). A biofábrica será apresentada, no início de dezembro, em Lisboa, Portugal, na Biomicroworld 2009, Conferência Internacional Sobre Microbiologia Ambiental, Industrial e Aplicada. O Consórcio Pesquisa Café tem seu programa de pesquisa coordenado pela Embrapa Café.
Segundo a pesquisadora Sara Maria Chalfoun, da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), o objetivo da biofábrica é a seleção de agentes biológicos para uma aplicação testada na agricultura. E informou que já foram identificados pela biofábrica microorganismos que podem ser utilizados para a adsorção dos metais existentes no solo, para a solubilização do fosfato, a produção de enzimas e até para a purificação da água utilizada na agricultura.
A pesquisadora afirmou que a pesquisa iniciou há cerca de 20 anos, quando foi realizado o levantamento, dentro do Consórcio Pesquisa Café, dos microorganismos facilitadores da entrada da Ocratoxina A no grão. A pesquisa foi realizada em parceria com o professor Carlos José Pimenta, da Ufla, e o bolsista Marcelo Cláudio Pereira, do INCT, em projeto que teve o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig),
“Foi a partir de inúmeros trabalhos realizados com o objetivo de identificar e controlar fungos que prejudicam a qualidade do café que descobrimos que um deles não era prejudicial. Ao contrário, ele se destacava por estar sempre associado a bebidas de qualidade”, informou a pesquisadora. Com isso, foi isolado o fungo Cladosporium cladosporioides, que, segundo ela, possui o status de GRAS (Generaly Regarded Air Safe), ou seja, que não causa mal algum nem à planta nem ao homem, podendo ser utilizado no campo como agente bioprotetor. Este ‘fungo do bem’, como já está sendo chamado, pode ser utilizado no controle de microorganismos prejudiciais ao café.
A pesquisadora complementa que o fungo existe na natureza, porém já desapareceu das plantações de café devido aos tratamentos fitossanitários realizados na agricultura. “Neste caso, ele precisa, então, ser reintroduzido para cumprir sua função”, afirma.
A descoberta das funções desse fungo é um dos primeiros resultados desse projeto. A invenção já tem patente depositada desde 2004 e já está disponível como uma tecnologia em fase de transferência. Porém, Chalfoun afirma que a biofábrica ainda pode gerar muitos produtos de origem biológica inovadores para aplicação na agricultura e na indústria de produtos alimentícios.
A meta dos pesquisadores é que a biofábrica, num futuro próximo, seja instalada no parque tecnológico de Lavras, MG, gerando muitos empregos e levando a pesquisa até a sua utilização pelo produtor.
Texto: Jurema Iara Campos (MTb 1.300/DF)
Com informações da ASCOM Epamig / URESM, (32) 3379-2649, (32) 3372-1575
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