Comentário Semanal Archer Consulting – A BOLSA ELETRÔNICA E O MERCADO FÍSICO DE CAFÉ

23 de novembro de 2009 | Sem comentários Análise de Mercado Mercado

Mercado de Café – Comentário Semanal – 16 a 20 de novembro de 2009


por Rodrigo Costa.


A BOLSA ELETRÔNICA E O MERCADO FÍSICO


A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD em inglês) prevê que o bloco composto por seus 30 países membros vai ter um crescimento do PIB de 1.9% em 2010, e 2.5% em 2011, acima do que previa antes.


A semana foi de acomodação dos investidores.Com a proximidade do fim do ano, muitos estão retocando suas carteiras, principalmente as instuições financeiras, para que seus balanços no dia 31 de dezembro mostrem um posicionamento mais conservador e não tão alavancado. Por causa disto os títulos americanos de curto prazo voltaram a negociar com taxas de juros negativas, e os ativos de risco ficaram um pouco de lado (por enquanto).


Porém, como os juros americanos devem continuar praticamente nulos por algum tempo, ainda podemos ver uma renovação do apetite ao risco, talvez no começo de 2010. O ano foi fenomenal até para os mais otimistas, com a recuperação das bols as de ações e commodities. Apesar disto a quantidade de dinheiro que está “estacionado” no chamado money-market (espécie de CDB de curto-prazo) soma quase 4 trilhões de dólares. É dinheiro que ganha quase nada de juros, e que tem paulatinamente entrado em ativos de risco.


Commodities parecem atrair ainda a atenção, embora seja uma estratégia perigosíssima, principalmente se o caldo entornar de novo. As ações de muitas empresas podem ser mais seguras, já que muitas cortaram despesas, diminuíram o quadro de funcionários, enfim se prepararam para o período mais magro que passamos. E commodities? A maior parte parece ter mais do que precificado uma retomada do crescimento, e tem muito dinheiro investido nelas para proteção de inflação, mesmo existindo um risco grande de termos deflação.


O café oscilou na semana segundo o movimento do dólar, e isto é explicado pelos fundos de sistema, que tem um algorítimo que faz o computador comprar o produto quando o dólar enfraq uece e vender quando o dólar sobe. É isto mesmo, a maravilha do mundo computadorizado.


Como não temos muita novidade, vamos dar uma olhada nos dados divulgados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) das safras de café no Brasil, Colômbia e India.


Para o Brasil o órgão prevê uma safra corrente de 43.5 milhões de sacas, estoques iniciais de 4.65 milhões, exportação de 27 milhões e consumo de 18.65 milhões. Ou seja “sobrará” 2.5 milhões de sacas. Mas como o governo deve receber 3 milhões por causa do plano de opções, o país vai ficar devendo…
Segundo o relatório o custo de produção no Brasil estava em US$ 123.34 por saca, em fevereiro de 2009.


A India deve produzir 5.1 milhões de sacas, a maior parte robusta, e o consumo lá é estimado em 1.6 milhões de sacas.


Para Colômbia diz o USDA que a produção vai ser de 11 milhões de sacas, quase 2 milhões a mais do que o número que o mercado acredita.


De volta a realidade, o fí sico continua movimentado pela cobertura dos vendidos. Com Nova Iorque não indo a lugar nenhum, vimos a BM&F firmar sozinha, com dezembro 2009 em um dado momento negociando 1 dólar acima do março 2010. Os vendidos estão em mal-lençóis com a falta de disponibilidade de cafés finos. Em Nova Iorque entramos no período de notificação do contrato de dezembro, e quem tem café não está querendo entregar não. Por causa disto o spread firmou de -3.00 centavos para -1.50 centavos por libra-peso. Por isso que vez ou outra se diz que o mercado futuro está andando sozinho, já que cai independentemente das indicações mais firmes vindas do fundamento.


Com a bolsa não subindo, apesar dos sinais positivos do físico, os diferenciais acabam firmando, e como os produtores de café em tudo quanto é parte do mundo não estão arredando o pé para baixar os preços de seus cafés, uma nova queda na bolsa provocará um firmamento maior ainda dos diferenciais.


Pelo menos até meados de fevereiro.


Para quem precisa de café até lá, não resta outra alternativa a não ser pagar os preços atuais.


Tem fundo que inclusive aposta no mercado bem mais forte até o vencimento das opções de março de 2010, que se dará na segunda semana de fevereiro. Há duas semanas atrás um fundo sozinho gastou 6 milhões de dólares comprando calls de 175. Claro que o sujeito não precisa ficar sentando em cima da posição esperando o mercado ir lá. Na verdade como a volatilidade implícita que ele pagou é relativamente baixa, qualquer movimentação de alta da volatilidade pode salvar o negócio – se não demorar muito para acontecer, claro.


Tenham todos uma ótima semana e muito bons negócios.

*Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting

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