16/11/2009
Flávia Maria de Mello Bliska
Dra. em Economia Aplicada. Pesquisadora do Centro de Café ‘Alcides Carvalho’, Instituto Agronômico de Campinas
Celso Luis Rodrigues Vegro
Mestre em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade e Pesquisador do IEA
A avaliação dos custos de produção, um dos principais instrumentos de gestão disponíveis para acompanhamento da economia cafeeira, no Estado de Minas Gerais, foi realizada mediante aplicação de questionário in loco, a representantes de cooperativas, consultores e outros componentes atuantes da cadeia produtiva (informantes-chave), nas quatro principais regiões cafeeiras do Estado: Sul de Minas, Cerrado, Vale do Jequitinhonha e Zona da Mata (atualmente conhecida por Matas de Minas).
O levantamento se refere à safra 2006 e permite a comparação dos resultados entre as regiões cafeeiras, em uma mesma safra, utilizando-se a mesma metodologia.
Os resultados apresentados no quadro1 indicam que a região que apresenta menor custo de produção de café arábica é a Zona da Mata, com custo médio total por saca beneficiada de R$ 166,78. Esse resultado possivelmente decorre do emprego generalizado de mão-de-obra familiar na condução da cultura. A região de custo médio mais elevado foi o Vale do Jequitinhonha, R$ 226,66. Na região Sul o custo médio da saca foi de R$ 183,65 e no Cerrado R$ 190,36.
Intra-regionalmente observou-se menor discrepância ente as informações obtidas na Zona da Mata e no Vale do Jequitinhonha. As caracterizações fitotécnicas e socioeconômicas dessas regiões indicam maior homogeneidade entre os sistemas de produção de café aí preponderantes (BLISKA et al., 2009), com possíveis reflexos sobre o custo final de produção.
As informações fitotécnicas e socioeconômicas indicam, ainda, que no Sul de Minas Gerais os sistemas de produção são mais heterogêneos, com predomínio de pequenos produtores, parte significativa deles em áreas de montanha, porém responsáveis por volume de produção inferior ao produzido pelos médios e grandes produtores. As diferenças de utilização de tecnologia nessa região também são significativas. Esses fatores provavelmente refletem os custos médios de produção observados na região, R$ 183,65/sc, valor bem próximo à média observada no Cerrado, R$ 190,36/sc, onde também observou-se grande heterogeneidade de informações.
No quadro 2, os resultados são subdivididos por atividade do sistema de produção (total gasto com insumos e com operações em cada atividade), o que permite ao produtor visualizar os pontos de seu sistema de produção que merecem maior atenção ou até mesmo uma reestruturação. As atividades consideradas foram: nutrição, fitossanidade, controle do mato, colheita, preparo, beneficiamento e outros custos. Esse último item inclui podas (recepa, esqueletamento, decote, condução, limpeza), transporte (produtos, insumos, terreiro, mão-de-obra), irrigação, energia, arruação, conservação de carreadores, análises de solo, utensílios (custeio e colheita).
Quadro 1. Custos operacionais totais de produção do café arábica nas principais regiões produtoras do Estado de Minas Gerais (R$/ha e R$/saca de 60kg), safra 2006.
Quadro 2. Estrutura de custo de produção de C. arabica (operações + insumos), em R$/sc e R$/ha*, nas principais regiões cafeeiras do Estado de Minas Gerais – Sul, Cerrado, Zona da Mata (ou Matas de Minas) e Vale do Jequitinhonha, safra 2006.