Sexta-feira, 13 de novembro de 2009, 18h02
ALESSANDRA TARABORELLI
Após acumular alta de 2,17% nos últimos três dias, o dólar comercial fechou esta sexta-feira em baixa de 0,92%, cotado a R$ 1,722 no mercado interbancário de câmbio. Na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), o dólar à vista recuou 0,98% para R$ 1,7228. No mês, o dólar comercial acumula queda de 1,94% e no ano, de -26,25%.
O movimento de realização de lucros foi atribuído à melhora dos mercados acionários e também à demora do governo brasileiro em anunciar novas medidas cambiais para conter a valorização do real. Para o operador de câmbio da corretora Finabank, Ovídio Pinho Soares, o anúncio das novas medidas não deve passar da próxima semana. “O governo sabe que não adianta só aumentar o IOF porque o mercado tem maneiras legais de driblar este mecanismo. A grande preocupação do governo é tomar uma medida que não seja um tiro no pé, que (a medida) não fique com rótulo de quebra de contrato”, avaliou.
O Banco Central interveio no câmbio no final da manhã com leilão de compra de dólar, no qual fixou a taxa de corte das propostas em R$ 1,7378.
De acordo com o diretor-presidente da MCM Consultores, Cláudio Adilson Gonçalez, o aumento ou a expansão da incidência da alíquota de IOF está entre as medidas possíveis para o governo aumentar o controle sobre o câmbio. Em entrevista ao AE Broadcast Ao Vivo, ele disse que “é difícil que o governo corra o risco de adotar medidas muito duras no fluxo de capitais, porque ele sabe que precisa do capital estrangeiro para financiar o déficit em conta corrente”. Para Gonçalez, medidas mais fortes seriam uma atitude muito ousada para o governo, que pode ou cair na inflação ou ser forçado, por meio do aumento da taxa de juros, a ter que frustrar o ciclo de crescimento. “Creio que é um risco que o governo não está disposto a correr agora na fase eleitoral”, completou.
Soares, da Finabank, destacou ainda que o dólar a R$ 1,70 é um importante suporte. “R$ 1,70 virou suporte psicológico para todo mundo. Se esse suporte for furado, o mercado vai buscar R$ 1,60, caso o governo não anuncie nenhuma novidade. Soares disse que a tendência do dólar continua sendo de queda e que as medidas devem ter efeito limitado sobre as cotações.
No mercado internacional, o dólar perdeu força ante as principais moedas da Europa e o iene. O euro e a libra esterlina se beneficiaram da saída da zona do euro da recessão no terceiro trimestre. Nos EUA, o déficit comercial cresceu mais que o estimado em setembro, para US$ 36,5 bilhões. Economistas esperavam déficit de US$ 32 bilhões.