13/11/2009 09:11:28 – Gazeta de Ribeirão
Transporte e urbanismo Estradas de ferro sem uso na Zona Oeste devem dar origem a nova via para trens de carga no entorno da cidade
DANIELLE CASTRO
Gazeta de Ribeirão
danielle.castro@gazetaderibeirao.com.br
Os trilhos desativados que cortam a Zona Oeste de Ribeirão Preto poderão dar origem a um novo percurso de trem de carga pelo entorno da cidade. O deslocamento da malha ferroviária está em estudo junto ao governo federal e ajudará a liberar espaço para abertura de novas vias que desafogariam a Avenida Dom Pedro I, no Ipiranga.
A primeira visita técnica do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) ao município ocorreu anteontem e percorreu 13 quilômetros linhas férreas.
O engenheiro Marco Blotta, do Dnit, afirmou após a visita que o pleito é viável. “Além de passar no meio da cidade, tem até um ponto invadido, no qual a favela está em cima da faixa ferroviária. Se ficar onde está, não teríamos como restabelecer o ramal de Sertãozinho”, disse Blotta. O trecho é concessionado à Ferrovia Centro Atlântica, a FCA, que trabalha com trens de carga com até cinco quilômetros de extensão.
“A empresa tem interesse, mas são trens que não comportam mais passar pela cidade”, disse o vereador Evaldo Mendonça da Silva, o Giló (PR), que fez o pedido ao Dnit em Brasília junto com o verador Walter Gomes (PR). Com a análise de situação feita quarta, o Dnit deve pedir um relatório técnico mais elaborado para dar entrada nos convênios de Ribeirão com a União.
“O dinheiro viria do governo federal e o município entraria com uma contrapartida que será calculada, mas que em geral fica entre 10% e 20%”, disse Blotta. Depois dos convênios, a Prefeitura terá que licitar uma empresa para elaborar um projeto. A perspectiva é que a retirada dos trilhos possa começar em 2011.
PROBLEMAS. Os transtornos nos bairros com trilhos abandonados vão de acúmulo de mato a assaltos de pedestres. Segundo Giló, só de favela sobre os trilhos há três quilômetros. O vereador afirmou ainda que já existe um projeto para uma avenida ligando os bairros Ipiranga e José Sampaio para desafogar a Dom Pedro. “Começaria na Capitão Salomão, passaria pela Via Norte, onde faria pontilhão cruzando a Rio Pardo, que passará a ter duas mãos.”
Percurso teria foco no café
Os planos para as linhas férreas de Ribeirão Preto incluem também a manutenção do trecho entre as estações Mogiana e Barracão, no qual seria montado um passeio cultural com foco na história do café. “Já temos a Estação Barracão desde fevereiro como bem provisório por meio da Promotoria e queremos que a federação nos ajude a restaurar o local”, disse a secretária municipal de Cultura, Adriana Silva. O engenheiro Marco Blotta, do Dnit, afirmou que não há impedimentos para realização do projeto turístico e que os trilhos que podem ser removidos ficam depois da Barracão. O vereador Jiló declarou que a FCA já se posicionou favoravelmente ao trem turístico. “Além disso, seria uma maravilha para Ribeirão resgatar o que já teve de bom”, disse Giló. Mais satisfeito, porém, ficou o vigilante Marcos da Silva, 48 anos, que cuida da Barracão. “Entrei há 23 anos na Fipase e desde que desativaram esse trecho tomo conta para evitar invasão. Se não fosse eu, estaria igual o trecho na Dom Pedro, que virou favela. Por isso, acho que seria legal reativarem, Deixaria de ser algo abandonado”, disse Silva. (DC)