IPA estimula o agronegócio do café em Pernambuco

Para superar a histórica redução na produção estadual do café, assim como foi à expansão na década de 70 seguida pela diminuição em 90, o Instituto Agronômico de Pernambuco – IPA, vem desenvolvendo uma série de pesquisas e ações de assistência técnica para otimizar a produção cafeeira do Estado. Pesquisas realizadas, desde 1998, pelas Estações Experimentais do IPA em Brejão, Vitória de Santo Antão e Goiana revelam resultados promissores em duas das mais de 100 espécies do gênero Coffea. Conhecidas popularmente como Café Arábica e Café Conilon ou Robusta, as espécies Coffea arábica e Coffea canephora, possuem alto potencial de comercialização.


Mais de 10 cultivares do café arábica apresentaram alto potencial de produção e resistência à ferrugem, entre elas Mundo Novo e Catuaí. Na espécie canephora também foram constatadas algumas peculiaridades, como rusticidade e elevada adaptabilidade em condições de solo e clima. Apesar de ser comercializada a um preço inferior à arábica, apresenta maior margem de lucro, em virtude da sua melhor relação custo-benefício. Atualmente, o Conilon é consumido em mistura com o Café Arábica, podendo participar em até 30% da composição do café não solúvel e 70% do solúvel. Cerca de 70% do café comercializado mundialmente é do tipo Arábica e os outros 30% de café robusta, sendo o Brasil o maior produtor e o segundo maior consumidor do mundo. No país, o capital movimentando chega a cerca de R$ 8,5 bilhões.


Estudos feitos pelo Instituto indicam que técnicas como plantios em curva de nível, correção e adubação de solo, irrigação e utilização de espaçamentos mais adensados aumentam a produtividade. As pesquisas revelam que é possível alcançar uma produtividade com até 20% de elevação, aumentando o número de plantas de 3.333 para 6.666, em um hectare, utilizando a irrigação por gotejamento e empregando de forma correta a distância entre as linhas de plantio e entre plantas, respectivamente, 2,0 e 0,75m para pequenas áreas e 3,0 e 0,5m para as mecanizáveis.


Após três anos de pesquisa, uma das 19 cultivares avaliadas, a Tupi, se mostrou a mais produtiva. Através dos estudos de avaliação de sementes, a produção alcançou a média de 60 sacas por hectare, superando a média brasileira de 17 sacas, e das variedades Catuaí cultivadas no Agreste Meridional, de 26 sacas. A Tupi avaliada apresentou um lucro líquido de R$ 4 mil por hectare.


Hoje, Pernambuco produz apenas 10% do todo o café consumido no Estado. São apenas 42 mil sacas por ano. Mesmo assim, movimenta um montante de R$ 8,5 milhões e é o segundo maior produtor de café do Nordeste, perdendo apenas para a Bahia. Atualmente, os municípios de Taquaritinga do Norte, Brejão e Garanhuns são os três maiores produtores, com 1.250, 880 e 780 hectares respectivamente, superando a média dos nove maiores produtores do Estado que é de 450 ha.


A política de incentivo a produção do café, através de estudos de melhoramento genético, por exemplo, objetiva também incrementar capital a renda dos agricultores, reduzir o desemprego no período da entressafra da cana-de-açúcar e evitar, em longo prazo, o êxodo rural. Entre maio e agosto, os agricultores da cana, que ficavam desempregados ou vinham trabalhar na capital dedicam-se, agora, ao trabalho do café. Só a colheita, representa 40% do custo de produção do café, por isso é uma importante atividade geradora de mão- de-obra e renda.


Café ecológico – Outra potencialidade que pode ser realizada em várias regiões do estado, a exemplo do que já se faz no município de Taquaritinga do Norte, é a produção do café ecológico, que produz alimentos livres de agroquímicos e, por isso, não polui o ambiente e reduz os custos de produção em até 18%. É importante ressaltar, que neste tipo de cultivo, os preços de mercado dos produtos são superiores aos dos que utilizam agroquímicos; isso representa maior lucro para o agricultor. Além disso, por realizar as fases de produção, plantio, cultivo e colheita, sem a necessidade de agroquímicos, grande parte deles importados, valoriza a economia do estado e enfraquece a dependência do mercado externo. Plantado à sombra de árvores como a “Ingazeira”, o café forma um diversificado sistema agroflorestal e de alta sustentabilidade. Por isso, o Café ecológico já dá seus primeiros resultados. O que explica o engenheiro agrônomo do IPA, José Nunes: “Seguindo a nova exigência do mercado mundial, que exige cada vez mais produtos saudáveis, o café produzido em Taquaritinga do Norte, já está sendo exportado para os Estados Unidos e Europa.”

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