Agricultura | 06/11/2009 | 19h09min
Cafeicultores do PR procuram alternativas para fugir da crise
Ficafé atraiu compradores de outros Estados dos chamados cafés especiaisKatia Baggio | Jacarezinho (PR)
Os cafeicultores do Paraná estão se organizando em busca de nichos diferenciados de mercado para fugir da crise no setor. A segunda edição da Feira Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Estado (Ficafé) reuniu mais de cem produtores em Jacarezinho. O encontro atraiu compradores de outros Estados dos chamados cafés especiais.
Para se chegar aos especiais é preciso entre outras ações colher sobre o pano apenas os grãos maduros e aperfeiçoar a seleção e o beneficiamento.
— Esse é um trabalho que vem sendo desenvolvido através da Emater em parceria com outros órgãos, que vem esclarecendo o produtor como preparar esse café. Desde o preparo para o plantio a nutrição da planta, tudo isso faz parte de um contexto. E o final, que é a seca do café, que nada mais é do que você deixar o café permanecer com esses atributos — disse o organizador da Ficafé, Ronaldo Figueiredo.
Os compradores são exigentes e nem procuram mais por um defeito. Eles querem a melhor qualidade. Os 55 lotes oferecidos foram vendidos entre R$ 650 e R$ 750 a saca. Uma cafeteria da região decidiu trabalhar exclusivamente com grãos do Norte Pioneiro.
— São cafés muito equilibrados. É totalmente desnecessário fazer blend. Eles apresentam todas as características que se deseja, cafés muito doces, com atributos que vão do floral, cítrico, caramelado, e nós somos apaixonados — declarou o empresário Ademar Martins.
Este ano o Paraná produziu 1,5 milhão de sacas de café. Metade foi colhida no Norte Pioneiro. O produtor Wagner Coelho diz que os grãos especiais elevam o padrão de toda a lavoura, mas exigem dedicação.
— É como um filho. É como uma criança que você tem que olhar todo santo dia. E qual é o pai que não quer o sucesso do filho? Agora, não é fácil. É o clima, é muito sol, é muita chuva. Não é fácil conseguir esse padrão de qualidade — explicou o cafeicultor.
A primeira região do Paraná a ser colonizada ficou conhecida como Norte Pioneiro, mas o café tomou o lugar da floresta em todo o Estado. Mesmo depois da crise que devastou a cultura em 1975, a região insistiu. Porém, o custo cada vez mais alto e os preços pouco animadores exigiram mudanças. Atualmente, o cafeicultor encontra nos cafés especiais uma alternativa.
Os produtores são tão apaixonados por essa seleção de cafés que dizem que os especiais são verdadeiras pérolas, cultivadas e colhidas de uma forma totalmente diferente. Porém, por trás da paixão, está a busca por preço melhor e pela valorização do café do Paraná.
Os aromas limão cítrico, chocolate, floral cítrico, caramelo e o novo amanteigado podem mudar a antiga fama do Paraná de produtor de baixa qualidade. O agricultor Norberto Gamerschlag vendeu seus lotes para uma rede de cafeterias de São Paulo e já se organiza para exportar.
— Nós visitamos 15 dias atrás exportadores em Santos. A nossa intenção é aglutinar um grupo grande de produtores para que a gente possa exportar direto via Santos. Para isso, você tem que fazer lotes maiores, sempre vendas em contêineres, com uma certa constância de entrega de produto e aí acredito que o exportador em Santos se interesse e em conseqüência vamos poder agregar um valor maior — disse Gamerschlag.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, visitou a feira em Jacarezinho. Segundo ele, recursos adicionais para apoiar os produtores devem estar liberados em 20 dias.
— Temos um recurso adicional de R$ 500 milhões que são de um projeto de lei que está tramitando no Congresso em caráter de urgência para ser aprovado. O relator está sendo designado por esses dias e a gente acredita que talvez mais uns 15 ou 20 dias nós tenhamos aprovado e os recursos à disposição — disse Stephanes.
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