Mauro Zanatta
23-10-2009
A indústria nacional de café pressiona o governo a autorizar a importação do grão cru para processamento interno e exportação do produto final. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) reiterou ontem a solicitação ao Ministério da Agricultura, mas encontra forte resistência dos produtores e seus representantes políticos.
A indústria afirma que os compradores exigem a mistura do café brasileiro com outros tipos de grão de origens diferentes. Estamos perdendo muitos negócios porque não podemos trazer cafés de outras origens, afirma o presidente da Abic, Almir da Silva Filho. A França exige 10% de café etíope no blend e os Estados Unidos preferem 15% a 20% de café colombiano em suas xícaras. E deixamos de vender os outros 80% ou 90% por isso.
Os produtores temem, no entanto, a abertura do mercado nacional a grandes volumes de cafés de baixa qualidade, sobretudo do Vietnã. Não temos medo de nada, mas corremos riscos sanitários e até risco de dumping de concorrentes que não respeitam leis trabalhistas ou sociais, afirma o presidente da Frente Parlamentar do Café, deputado Carlos Melles (DEM-MG).
Os industriais veem um entrave político difícil de resolver. Reiteramos a demanda, mas há dificuldades políticas. O ministro ouve, mas não diz o que o impede de resolver, afirma o presidente da Abic, dono da indústria mineira Café Toko. E afirmam que a multinacionais têm vantagem porque podem importar o produto pronto de suas subsidiárias em outros países. Isso privilegia as multinacionais. Se não faço aqui, tenho que fazer fora, investir e gerar empregos lá, reclama o presidente da Café Bom Dia, Sydney Marques de Paiva. Com a medida, sua empresa elevaria em 40% a produção de 2 mil toneladas mensais. Um dia vou ter que abrir indústria lá fora.
O Ministério da Agricultura promete fazer a análise de risco sanitário para a importação dos café, mas deve demorar. O ministro sabe que não é um tema fácil. E não vai decidir de uma hora para outra, diz Melles.
Para evitar descontroles, os industriais aceitam uma portaria com limitações à importações. Poderíamos trazer só café arábica tipo 4 e robusta tipo 4 para melhor, diz Almir Silva Filho. A regra poderia prever ainda a obrigação de exportar cinco sacas de industrializado para cada saca de grão cru. Aceitamos medidas severas para entrar só cafés de boa a excelente qualidade. A indústria busca importar cafés de Honduras, Etiópia, Guatemala, Colômbia, México e Indonésia.
Mauro Zanatta
A indústria nacional de café pressiona o governo a autorizar a importação do grão cru para processamento interno e exportação do produto final. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) reiterou ontem a solicitação ao Ministério da Agricultura, mas encontra forte resistência dos produtores e seus representantes políticos.
A indústria afirma que os compradores exigem a mistura do café brasileiro com outros tipos de grão de origens diferentes. “Estamos perdendo muitos negócios porque não podemos trazer cafés de outras origens”, afirma o presidente da Abic, Almir da Silva Filho. A França exige 10% de café etíope no “blend” e os Estados Unidos preferem 15% a 20% de café colombiano em suas xícaras. “E deixamos de vender os outros 80% ou 90% por isso”.
Os produtores temem, no entanto, a abertura do mercado nacional a grandes volumes de cafés de baixa qualidade, sobretudo do Vietnã. “Não temos medo de nada, mas corremos riscos sanitários e até risco de “dumping” de concorrentes que não respeitam leis trabalhistas ou sociais”, afirma o presidente da Frente Parlamentar do Café, deputado Carlos Melles (DEM-MG).
Os industriais veem um entrave político difícil de resolver. “Reiteramos a demanda, mas há dificuldades políticas. O ministro ouve, mas não diz o que o impede de resolver”, afirma o presidente da Abic, dono da indústria mineira Café Toko. E afirmam que a multinacionais têm vantagem porque podem importar o produto pronto de suas subsidiárias em outros países. “Isso privilegia as multinacionais. Se não faço aqui, tenho que fazer fora, investir e gerar empregos lá”, reclama o presidente da Café Bom Dia, Sydney Marques de Paiva. Com a medida, sua empresa elevaria em 40% a produção de 2 mil toneladas mensais. “Um dia vou ter que abrir indústria lá fora”.
O Ministério da Agricultura promete fazer a análise de risco sanitário para a importação dos café, mas deve demorar. “O ministro sabe que não é um tema fácil. E não vai decidir de uma hora para outra”, diz Melles.
Para evitar descontroles, os industriais aceitam uma portaria com limitações à importações. “Poderíamos trazer só café arábica tipo 4 e robusta tipo 4 para melhor”, diz Almir Silva Filho. A regra poderia prever ainda a obrigação de exportar cinco sacas de industrializado para cada saca de grão cru. “Aceitamos medidas severas para entrar só cafés de boa a excelente qualidade”. A indústria busca importar cafés de Honduras, Etiópia, Guatemala, Colômbia, México e Indonésia.