A Embrapa e universidades decidiram se unir para estudar o genoma de quatro leguminosas: soja, feijão, caupi e amendoim. O trabalho será desenvolvido, inicialmente, em parceria entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária _ Embrapa, a partir de três de suas 40 unidades de pesquisa _ Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília; Soja, em Londrina, PR; e Arroz e Feijão, em Goiânia, GO; a Universidade da Califórnia, EUA; Universidade Católica de Brasília; Universidade Federal de Pernambuco e o Centro de Energia Nuclear na Agricultura _ Cena/USP, e tem como objetivo encontrar os genes que conferem resistência à seca a todas essas espécies.
A seca é, sem dúvida, um dos piores problemas enfrentados no Brasil, especialmente na cultura de soja no Rio Grande do Sul, a principal região produtora do país, onde causou perdas superiores a 70% na safra de 2005.
O início da parceria foi selado com a realização de uma reunião técnica na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, que contou com a participação de representantes de todas as instituições envolvidas. Agora, só falta buscar as fontes financiadoras para viabilizar o desenvolvimento das pesquisas, como explica a pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Gláucia Cortopassi Buso.
Segundo ela, dessa vez, o trabalho será desenvolvido de maneira diferente dos outros estudos de genoma já realizados pela Embrapa, que deram origem aos bancos de dados de café e banana, com 200 mil e 40 mil seqüências de DNA, respectivamente. No caso das leguminosas, como já existem muitas informações levantadas em nível mundial, os cientistas vão partir da análise de bancos de dados públicos de DNA para buscar as semelhanças entre as quatro espécies. O objetivo é encontrar o gene de resistência à seca, mas, provavelmente, aparecerão outras características de interesse para o melhoramento genético dessas leguminosas no Brasil, como resistência a doenças, dentre outras.
Segundo a pesquisadora, o primeiro passo será reunir todas as informações existentes hoje sobre soja, feijão, caupi e amendoim. Depois, baseados em mapas genéticos de referência já existentes destas espécies, serão desenvolvidos marcadores moleculares comuns a todas elas, denominados marcadores-âncoras para serem acrescentados aos mapas já existentes. ‘O trabalho será concentrado na busca de marcadores microssatélites, que são seqüências que aparecem repetidamente no genoma como um todo, e de marcadores ESTs, que são marcadores de genes expressos, ou seja, obtidos a partir de uma característica que se quer estudar’, afirma Gláucia.
A diferença é que os marcadores microssatélites são seqüências de DNA freqüentes no genoma que permitem diferenciar um indivíduo do outro a partir do número de repetições. Já os ESTs são freqüências expressas geradas a partir de um estímulo pré-determinado, como resistência à seca, por exemplo.
Gláucia explica que o objetivo final é formar um mapa genético das quatro leguminosas com o maior número destes marcadores possível. ‘O objetivo é encontrar marcadores que tenham aplicação prática imediata nos programas de melhoramento genético dessas espécies’, ressalta ela, lembrando que brevemente será disponibilizada uma página na Internet para tornar públicos todos os resultados alcançados ao longo das pesquisas