10 milhões de sacas serão retiradas do mercado
Os ministros José Múcio e Stephanes e deputados e lideranças
acompanham explanação do presidente da Frente Parlamentar do Café
O governo federal deu o aval político que a cafeicultura esperava para resolver a mais grave crise que o setor enfrenta nos últimos cem anos, com milhares de produtores amargando um endividamento crônico pela falta de renda com o café nas últimas safras. Este pelo menos foi o sentimento do presidente da Frente Parlamentar do Café, deputado Carlos Melles, e do presidente do Conselho Nacional do Café – CNC, Gilson Ximenez, ao final de audiência com os ministros José Múcio (Relações Institucionais) e Reinhold Stephanes (Agricultura), ocorrida no final da tarde desta terça-feira (25), em Brasília, com a participação de deputados e dirigentes de cooperativas.
“Estou entendendo que o problema agora não é mais de decisão política, mas sim de forma, ou seja, como o Ministério da Fazenda irá equacionar nossas demandas”, avaliou Carlos Melles, explicando que o ministro José Múcio entendeu a gravidade da situação do produtor ao examinar atentamente o material técnico que apresentamos. “O ministro Reinhold foi formidável, reforçou nossa argumentação técnica e testemunhou que ouviu isoladamente diversos produtores e, conforme ele próprio disse, alguns cafeicultores chagaram a chorar na sua frente”, comentou Melles.
“Estamos muito satisfeitos”, foi esta a afirmação do presidente do CNC, Gilson Ximenez, se referindo ao encaminhamento favorável que o governo deu aos pleitos do setor produtivo. Não é para menos, as lideranças saíram da audiência com o compromisso do governo em buscar a forma de operacionalizar o enxugamento de 10 milhões de sacas de café do mercado, nesta e na próxima safra. Até agora o governo retirou 3 milhões de sacas do mercado (considerando as opções de venda que vencem a partir de novembro), o que significa que pela proposta oficializada na audiência de hoje, com as intervenções nos próximos meses serão retiradas mais 7 milhões de sacas.
Segundo informações dos presentes, das 10 milhões de sacas, 5 milhões serão convertidas na troca da dívida com o café e as outras 5 milhões o governo irá comprar. “São operações complexas, vamos ver o posicionamento formal do Ministério da Fazenda sobre cada item, como por exemplo qual o preço da aquisição e da conversão, para resguardarmos a renda do produtor”, informou o deputado Carlos Melles.
A audiência com as lideranças de cooperativas e deputados integrantes da Frente Parlamentar do Café – que compareceram em peso demonstrando sua união, deu respiro novo ao setor também com relação às dívidas, cujos contratos necessitam de prorrogação imediatas. Neste aspecto os líderes dos cafeicultores também disseram que os avanços foram nítidos, pois o governo está convencido de que o produtor não tem como pagar seus débitos neste momento, em função do diferencial entre o alto custo de produção e o baixo preço de venda.
“Hoje não há quem duvide mais dos problemas da cafeicultura, o presidente Lula entendeu e sua equipe mostrou avanços que confiamos sejam efetivados”, disse Carlos Melles, destacando que outro ponto muito importante foi o governo ter colocado como ponto de honra que os estoques reguladores de café no mundo tem que ser no Brasil, o maior produtor, e não no exterior, que hoje faz grandes estoques comprando o café brasileiro por um preço muito baixo.
Nesta quarta-feira (26), além da audiência pública na Câmara que irá debater o endividamento da agricultura, os primeiros efeitos da decisão dos ministros José Múcio e Reinhold Stephanes também poderão ser sentidos, inclusive com sinalização do Ministério da Fazenda sobre o tema. As informações partem da Assessoria do Deputado Carlos Melles, siga no Twitter @carlosmelles