Análises laboratoriais realizadas pelo Projeto de Alimento Seguro (PAS), implantando este ano pelo Governo de Minas, mostram que o plantio de tomate e morango em 11 municípios mineiros que detêm a maior produção do Estado está sendo feito dentro dos padrões recomendados em relação ao uso do agrotóxico. A primeira coleta, realizada em julho, mostrou que das 54 amostras analisadas, 81,5% estavam em conformidade com o recomendado, 5,5% utilizavam produtos não indicados e 13% estavam fora do padrão quanto ao limite máximo de resíduos.
Nas propriedades que não seguem o padrão recomendado, que totalizam 18,5%, os produtores serão orientados pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) com o objetivo de adequar o uso de agrotóxicos, de acordo com as normas vigentes. Até dezembro, haverá novas coletadas para análises laboratoriais, totalizando 160 amostras.
As 45 propriedades produtoras de morango participantes do projeto estão nas cidades de Alfredo Vasconcelos, Barbacena, Estiva, Pouso Alegre e Bom Repouso. Já as 45 de tomate estão em Carandaí, Carmópolis de Minas, Pimenta, Maravilhas, Lagoa Dourada e Barbacena. Na primeira fase, foram selecionadas propriedades com maior área plantada destas culturas para participarem do monitoramento. Nelas, o IMA aplicou um questionário para avaliar se o produtor conhece as normas para o uso de agrotóxicos.
Desenvolvido pelo IMA para monitorar resíduos de agrotóxico, o Programa de Alimento Seguro é inédito e surgiu pela representatividade de Minas na produção de tomate e morango. O Estado é o 3º maior produtor de tomate do Brasil e o 1º em morango. Como as duas culturas requerem uso intensivo de agrotóxicos para o controle de pragas, é de grande importância o monitoramento de resíduos e as fiscalizações de uso e comércio nas regiões produtoras.
Mais qualidade
O produtor de tomates de Carmópolis de Minas Adauto Costa vê no projeto uma oportunidade para valorizar seu produto. “Se você segue as normas, pode vender seus produtos com um preço melhor e oferecer aos consumidores produtos de melhor qualidade. Percebemos que alguns produtores acabam relaxando e não cumprem a legislação à risca”, explica.
Segundo Costa, o projeto será útil, pois vai mostrar a importância de estar atento durante o manuseio de agrotóxicos. “Além disso, as capacitações vão proporcionar conhecimento aos produtores e seus funcionários, que não terão mais desculpas para descumprir alguma regra”, afirma.
Minas Gerais possui uma área plantada de 1.614 hectares para a cultura de morangos. No ano de 2008, a produção foi de 79 mil toneladas. Já para os tomates são destinadas cerca de 8 mil hectares de área plantada, com uma produção de 461 mil toneladas, ano passado.
O responsável pela área de agrotóxicos da Gerência de Defesa Vegetal do IMA, Thales Fernandes, afirmou que os produtores têm demonstrado bastante interesse. “Essa iniciativa é uma oportunidade para que os produtores possam se profissionalizar cada vez mais e, com isso, aumentar sua lucratividade”, analisa Fernandes.Em setembro e outubro, haverá treinamentos gratuitos para todos os produtores inseridos no PAS, em suas respectivas cidades, onde serão capacitados na aplicação de agrotóxicos.
Ao final do evento eles receberão um Equipamento de Proteção Individual (EPI) e um DVD com vídeo demonstrativo. Esses eventos têm a parceira do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
Metodologia
A metodologia do PAS visa desenvolver ações para provocar mudança de comportamento dos produtores em relação ao uso seguro de agrotóxicos. Para isso, estão sendo realizadas palestras e reuniões com as comunidades e a fiscalização do comércio e do uso do produto foi intensificada.
As ações do Instituto buscam a redução de riscos e número de acidentes e de contaminação de trabalhadores que aplicam agrotóxicos, redução dos custos de produção e aumento da renda dos produtores, melhoria da qualidade do morango e do tomate ofertado ao consumidor, diminuição dos danos causados à saúde humana, animal e ao meio ambiente, dentre outros.
São parceiros do IMA no PAS o Senar, aEmpresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater), a Central de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa), o Ministério Público, o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), a Universidade Federal de Viçosa (UFV), a Associação Nacional de Distribuidores de Insumos Agroveterinários (Andav) e a Associação Nacional de Defesa Vegetal (Andef). O diretor-geral do IMA, Altino Rodrigues Neto, ressalta a importância dos parceiros. “Parcerias com órgãos do setor fortalecem as ações e ajudam a disseminar conhecimento no interior”, afirma.
Minas Recicla
O gerente de Defesa Vegetal do IMA, Thales Fernandes, participa nesta terça-feira (25) da 12ª edição da Série Diálogos Minas Recicla, com o tema “Agrotóxicos em Alimentos”. O evento acontece no Centro Mineiro de Referência em Resíduos, Rua Belém, 40, bairro Esplanada, de 14h às 17h30.
Mais Informações: 31 3215-6565