Alinhada ao Plano Nacional de Agroenergia, lançado no dia 14 de outubro,
a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e outras 37
instituições de ensino e pesquisa brasileiras elaboraram um projeto, no
valor de R$ 8 milhões, para o desenvolvimento tecnológico de soja,
girassol, mamoma, dendê e canola para produção de biocombustíveis nos
próximos quatro anos.
De acordo com o líder do projeto, o pesquisador Décio Gazzoni, da
Embrapa Soja, o uso de fontes renováveis de energia, como é o caso da
biomassa para a produção de biocombustíveis é uma das alternativas para
substituir a base energética, hoje baseada no uso de combustíveis
fósseis. “Além de não renováveis, esses combustíveis aumentam a poluição
no ambiente, o aquecimento global e o efeito estufa”, explica o
pesquisador. “Na Embrapa o tema possui atenção destacada em razão de que
os biocombustíveis empregam como matéria-prima vários produtos agrícolas”.
Segundo ele, o projeto pretende estudar a viabilidade, a competitividade
e a sustentabilidade das cadeias produtivas de soja, girassol, canola,
mamona e dendê, incluindo os co-produtos resultantes destas cadeias na
obtenção de biocombustíveis. “A principal questão a ser respondida é se
estas cadeias produtivas podem se tornar fontes viáveis, competitivas e
sustentáveis de biocombustíveis, atualmente e no futuro”.
Além do estudo das cadeia produtivas, o projeto pretende gerar e
desenvolver tecnologias para o aproveitamento de co-produtos da obtenção
de biocombustíveis derivados de óleos vegetais. As tortas, tanto da
mamona como do girassol possuem teores elevados de proteína que podem
substituir as tradicionais fontes protéicas utilizadas na formulação de
ração animal. “Um outro co-produto da extração do óleo de mamona é o
glicerol que precisa ser avaliado quanto a sua composição, por meio de
processos de baixo custo que resultem em produtos de pureza ou
composição próximas aos produtos comerciais”.
Outro objetivo do projeto é desenvolver um zoneamento agroecológico de
culturas oleaginosas para produção de biocombustível. “O zoneamento
agroecológico é uma ferramenta que permite a divisão de uma grande área
geográfica em unidades menores de terra com características similares
quanto à aptidão para determinados cultivos, ao potencial de produção e
ao impacto ambiental de sua utilização”, diz o pesquisador Antonio
Ramalho Filho, da Embrapa Solos.
A obtenção de biodiesel a partir de óleos vegetais já se encontra
largamente utilizada na Europa e nos EUA. No Brasil, a
Embrapa, em parceria com a Universidade de Brasília, desenvolveu um novo
método para obtenção de biodiesel chamado de craqueamento. “A vantagem
desse processo, em relação ao método tradicional, é que o produto sai
pronto para ser utilizado pelos motores e não há sub-produtos como a
glicerina, o que deve facilitar a utilização por pequenos e médios
produtores”, avalia Gazzoni.
O pesquisador explica que o projeto objetiva desenvolver protótipos
comerciais para produção de biocombustíveis e avaliar os impactos do uso
do ecodiesel nos motores de ciclo diesel em caminhões, tratores,
camionetes e ônibus, em tarefas usuais e rotineiras. “Será analisada
também a composição da emissão dos gases de escapamento de motores de
ciclo diesel, movidos a ecodiesel”.
Jornalista: Lebna Landgraf (MTb 2903)
Embrapa Soja
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