São Paulo, 19 – O governo estuda novas medidas de intervenção no mercado de café, para sustentar os preços do produto e gerar renda ao setor produtivo. Uma das sugestões ventiladas é a compra do produto pelo governo ao preço mínimo de garantia, com direito de recompra futura, pelo mesmo valor, acrescido de encargos financeiros e de armazenagem.
Na avaliação do presidente da Cooperativa Regional dos Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Alberto Paulino da Costa, a medida é interessante e poderia enxugar o mercado até que os preços internacionais pudessem reagir. Depois de determinado prazo, o produtor recompraria o café pelo preço mínimo, arcando com despesas com juros e armazenagem.
Paulino da Costa acrescentou que o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, se comprometeu a encaminhar a proposta ao Departamento Jurídico do ministério. Quanto a um possível entrave da área econômica do governo, o presidente da Cooxupé mostrou-se tranquilo, argumentando que representantes da Fazenda e do Planejamento “são sensíveis às reivindicações da cafeicultura”.
Atualmente, o preço mínimo de garantia do café arábica é de R$ 261,69 a saca de 60 quilos. Cafeicultores argumentam que esse valor não cobre os custos de produção, que seriam da ordem de R$ 300 a R$ 320 a saca.
O ministro Stephanes sinalizou que o governo pretende retirar do mercado cerca de 10 milhões de sacas, entre a atual safra e a do ano que vem, incluídas as 3 milhões de sacas das opções, cujos leilões foram realizados em julho. O governo avalia, no entanto, que o mecanismo não foi suficiente para sustentar os preços do grão.
Uma outra hipótese estudada seria a compra direta de 7 milhões de sacas de café, por meio de Aquisição do Governo Federal (AGF), para formar estoque estratégico do produto. No entanto, os produtores não aceitam contratar AGF pelo preço mínimo de garantia do governo.
O relatório do grupo de trabalho, criado para formular uma agenda estratégica para o agronegócio café nos próximos 5 anos, foi entregue nesta semana aos representantes da cadeia produtiva para análise crítica, segundo um dos participantes das reuniões. O diagnóstico deverá ser devolvido ao governo até o fim desta semana e os resultados poderão ser divulgados semana que vem.
Participam do grupo de trabalho representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), da Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e do Conselho Nacional do Café (CNC).