02/08/2009
A instalação de indústrias, armazéns e organizações bancárias destaca Bauru no comércio e no segmento terciário
Adilson Camargo
Com o declínio do café nas regiões noroeste e centro-oeste do Estado de São Paulo, a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (NOB), construída principalmente para fazer o escoamento da produção, deixa de receber investimentos governamentais e torna-se obsoleta.
Com isso, a cidade deparou-se com a necessidade de reorientar seus modelos de sustentação e crescimento, até então umbilicalmente atrelados aos bens e serviços instalados pela ferrovia, segundo relata Lúcia Helena Ferraz Sant’Agostino em sua dissertação de mestrado.
Para sintetizar as transformações econômicas pelas quais passou Bauru e região com a derrocada do café, entre os anos 1940 e 80, ela recorre a um estudo feito por César Augusto Cardoso de Faria para o Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp).
As indústrias de transformação começam a expandir seus negócios e Bauru recebe filiais de grandes empresas de óleos vegetais, como Sanbra e Anderson Clayton. Implantam-se na cidade grandes armazéns e entrepostos agrícolas, além de sucursais e importantes organizações comerciais e bancárias.
Com isso, Bauru começa a se destacar no comércio e no segmento terciário de apoio à agricultura. Paralelamente, o governo federal estimula a entrada do capital estrangeiro e incrementa o parque rodoviário para preparar o terreno para o transporte automotivo, em detrimento do ferroviário. Segundo registra Lúcia Helena em seu trabalho, Bauru passa a ser, também devido à sua posição geográfica, favorecida pelo entroncamento de rodovias.
Estimulados pela expansão da indústria, muitos trabalhadores, inclusive de outros Estados, começam a migrar para Bauru. Segundo Lúcia Helena, o entroncamento rodoferroviário propiciou à cidade “o vento favorável para resistir tanto à crise do café”.
Pecuária
Em razão da baixa fertilidade do solo de Bauru, ampliam-se, por aqui, as pastagens destinadas à pecuária de corte e o reflorestamento. Ganham destaque também a modernização da avicultura, o desenvolvimento da fruticultura (especialmente abacaxi e melancia) e da cultura do bicho-da-seda, além do surgimento da criação, para aprimoramento de raças, de cavalos quarto-de-milha e manga larga.
Tudo isso aliado ao sistema rodoferroviário faz de Bauru em um pólo regional de comércio e prestação de serviços. Segundo Lúcia Helena, a localização da cidade ajudou a atrair filiais de grandes empresas que visavam o interior do Estado, além dos consumidores de Mato Grosso do Sul, norte do Paraná e sul de Minas Gerais.
Atraída pelo dinamismo econômico de Bauru, a população das cidades vizinhas mantém viva até hoje a prática da migração. Desde meados do século passado, o setor terciário é o que mais predomina na economia bauruense.
Lúcia Helena constata em seu trabalho que, a partir da década de 1960, com a estagnação da ferrovia, altera-se o perfil da cidade, aumentando a variedade de serviços (colégios, hospitais especializados, atividades financeiras e de crédito e do setor de administração pública) e o número de estabelecimentos comerciais de médio e grande portes.