O Brasil e a Colômbia, primeiro e terceiro maiores produtores mundiais de café, pediram uma distribuição mais justa da receita global com o produto, que chega a cerca de 90 bilhões de dólares por ano, dos quais apenas cerca de 10 por cento ficam nos paíse
SALVADOR (Reuters) – O Brasil e a Colômbia, primeiro e terceiro maiores produtores mundiais de café, pediram na abertura da 2a. Conferência Mundial do Café, em Salvador, uma distribuição mais justa da receita global com o produto, que chega a cerca de 90 bilhões de dólares por ano, dos quais apenas cerca de 10 por cento ficam nos países produtores.
Falando para cerca de mil participantes do mercado internacional de café, presentes à conferência, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente colombiano, Alvaro Uribe, condenaram as tarifas que impedem um acesso maior aos mercados de café processado dos países ricos e pediram um piso para os preços internacionais do produto.
“Há 10 anos, os países produtores ficavam com um terço da receita global do café, cerca de 10 bilhões de dólares naquela época. Hoje eles ficam com apenas 9 bilhões de um mercado que cresceu para 90 bilhões anuais”, disse o presidente Lula.
“Quem planta ganha pouco e quem processa ganha muito. E as barreiras tarifárias impedem que os países produtores possam competir em igualdade pelos mercados mais lucrativos, como os de café torrado e moído”, afirmou o presidente brasileiro.
“O café é produzido pelos países pobres, nas zonas tropicais, e os consumidores são na maior parte os países ricos. Está na hora de decidir se não temos que comprar uma boa briga, porque muita coisa depende da força política e organização que nós tivermos”, disse Lula, acrescentando que o fórum das negociações comerciais globais seria o lugar para buscar um modelo mais igualitário de participação nos lucros do produto.
O presidente colombiano, Alvaro Uribe, também criticou as tarifas para a venda direta de café processado aos mercados consumidores em vários países, o que limita a possibilidade de os produtores conseguirem elevar o valor agregado do produto, melhorando a renda.
“Na Colômbia, o café também é uma ferramenta de estabilização social. Cerca de 90 por cento das famílias que trabalham com o cultivo possuem menos de 12 hectares de terra”, disse Uribe, acrescentando que a melhoria da renda para os produtores de café em todo o mundo teria um impacto direto na melhoria das condições de vida de milhões de famílias pobres que cultivam o produto nos países em desenvolvimento.
PISO PARA O PREÇO
Uribe foi além e pediu que os participantes do mercado trabalhem para que seja estabelecido um piso de preço internacional para o café que não seja inferior a 1 dólar por libra-peso (cerca de 300 reais por saca de 60 quilos, considerando a cotação atual do dólar).
Na sexta-feira, o café em Nova York fechou cotado a 92 centavos de dólar por libra, bem inferior à cotação de março, que atingiu o pico de 1,37 dólar por libra, mas bastante acima dos menores valores no auge da crise de 2000 a 2004 (em 2002, o valor chegou perto dos 40 centavos de dólar por libra).
“Teremos que fazer o que tiver que ser feito para que o preço do café não caia abaixo de 1 dólar. Isso é uma necessidade.”
O presidente da Organização Internacional do Café (OIC), o colombiano Néstor Osorio, afirmou que os programas para reduzir a pobreza que muitos governos e organizações internacionais tentam implementar seriam mais efetivos se produtores recebessem renda adequada, principalmente nos países em desenvolvimento que têm a agricultura como base da economia.
“Não se trata de tentar regular os mercados por meio de intervenções, mas de garantir que a remuneração (do produtor) seja apropriada”, disse Osorio.
Por Marcelo Teixeira
SALVADOR (Reuters) – O Brasil e a Colômbia, primeiro e terceiro maiores produtores mundiais de café, pediram na abertura da 2a. Conferência Mundial do Café, em Salvador, uma distribuição mais justa da receita global com o produto, que chega a cerca de 90 bilhões de dólares por ano, dos quais apenas cerca de 10 por cento ficam nos países produtores.
Falando para cerca de mil participantes do mercado internacional de café, presentes à conferência, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente colombiano, Alvaro Uribe, condenaram as tarifas que impedem um acesso maior aos mercados de café processado dos países ricos e pediram um piso para os preços internacionais do produto.
“Há 10 anos, os países produtores ficavam com um terço da receita global do café, cerca de 10 bilhões de dólares naquela época. Hoje eles ficam com apenas 9 bilhões de um mercado que cresceu para 90 bilhões anuais”, disse o presidente Lula.
“Quem planta ganha pouco e quem processa ganha muito. E as barreiras tarifárias impedem que os países produtores possam competir em igualdade pelos mercados mais lucrativos, como os de café torrado e moído”, afirmou o presidente brasileiro.
“O café é produzido pelos países pobres, nas zonas tropicais, e os consumidores são na maior parte os países ricos. Está na hora de decidir se não temos que comprar uma boa briga, porque muita coisa depende da força política e organização que nós tivermos”, disse Lula, acrescentando que o fórum das negociações comerciais globais seria o lugar para buscar um modelo mais igualitário de participação nos lucros do produto.
O presidente colombiano, Alvaro Uribe, também criticou as tarifas para a venda direta de café processado aos mercados consumidores em vários países, o que limita a possibilidade de os produtores conseguirem elevar o valor agregado do produto, melhorando a renda.
“Na Colômbia, o café também é uma ferramenta de estabilização social. Cerca de 90 por cento das famílias que trabalham com o cultivo possuem menos de 12 hectares de terra”, disse Uribe, acrescentando que a melhoria da renda para os produtores de café em todo o mundo teria um impacto direto na melhoria das condições de vida de milhões de famílias pobres que cultivam o produto nos países em desenvolvimento.
PISO PARA O PREÇO
Uribe foi além e pediu que os participantes do mercado trabalhem para que seja estabelecido um piso de preço internacional para o café que não seja inferior a 1 dólar por libra-peso (cerca de 300 reais por saca de 60 quilos, considerando a cotação atual do dólar).
Na sexta-feira, o café em Nova York fechou cotado a 92 centavos de dólar por libra, bem inferior à cotação de março, que atingiu o pico de 1,37 dólar por libra, mas bastante acima dos menores valores no auge da crise de 2000 a 2004 (em 2002, o valor chegou perto dos 40 centavos de dólar por libra).
“Teremos que fazer o que tiver que ser feito para que o preço do café não caia abaixo de 1 dólar. Isso é uma necessidade.”
O presidente da Organização Internacional do Café (OIC), o colombiano Néstor Osorio, afirmou que os programas para reduzir a pobreza que muitos governos e organizações internacionais tentam implementar seriam mais efetivos se produtores recebessem renda adequada, principalmente nos países em desenvolvimento que têm a agricultura como base da economia.
“Não se trata de tentar regular os mercados por meio de intervenções, mas de garantir que a remuneração (do produtor) seja apropriada”, disse Osorio.