O leilão de contratos de opção de venda de café, envolvendo 1 milhão de sacas, realizado na quarta-feira (15) acabou não só negociando toda a oferta como apresentando uma disputa tão acirrada que elevou o prêmio de abertura em mais de 500%. Na verdade, a operação acabou confirmando a expectativa, que já era manifestada por corretores consultados pela Agência SAFRAS de que o pregão deveria demonstrar ágios de até 500% a 600% diante do interesse dos produtores e cooperativas.
O preço de exercício para novembro de R$ 303,50 a saca atraiu os produtores/cooperativas, já que é extremamente superior ao atual no mercado, na faixa de R$ 235,00/240,00 a saca do café arábica bebida dura no sul e cerrado mineiro, por exemplo. Assim, mesmo que o prêmio de abertura, de R$ 1,51 subisse muito, ainda valeria a pena a compra dos contratos de opção. Além disso, a oferta de 1 milhão de sacas é considerada restrita num universo de produção de mais de 30 milhões de sacas de arábica este ano.
O prêmio de abertura foi de R$ 1,5175 por saca e o de fechamento ficou em R$ 9,5015, representando um ágio de 526,13%. O valor total da operação foi de R$ 9.501.500,00.
As cooperativas bem que tentaram conter o ágio nos prêmios pagos pelos produtores no leilão. No entanto, a estratégia não funcionou, como manifestaram corretores consultados pela Agência SAFRAS. A estratégia das cooperativas foi simples, e visava reduzir os custos com a corretagem e ao mesmo tempo conter os ágios coordenando a demanda no leilão com a concentração da procura em poucas corretoras.
Assim, as cooperativas negociaram com algumas corretoras e tiveram o custo reduzido na corretagem para R$ 0,30 a saca nas opções negociadas, como afirmaram corretores e também o superintendente comercial da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Lúcio Dias. A orientação (entre aspas) no mercado até pela BM&F é de cobrança de 0,50% de taxa de corretagem em relação ao preço de exercício. Como o preço é de R$ 303,50 a saca, a taxa normal seria de R$ 1,50 por saca. E boa parte dos corretores cobraram este valor, segundo consulta da Agência SAFRAS. Mas o grupo que acertou-se com as cooperativas cobrou menos, R$ 0,30 por saca.
Trabalhando com um número menor de corretoras, seria teoricamente mais fácil de se coordenar uma forma de evitar que os prêmios pagos subissem excessivamente. O problema é que a demanda foi muito acentuada. Foi possível reduzir os custos com a corretagem, mas o trabalho das cooperativas junto às corretoras não evitou os ágios elevados, já que outras corretoras trabalhavam junto a produtores independentes, que não estavam participando dessa estratégia. Com uma procura gigantesca e uma oferta relativamente restrita, os ágios se explicam facilmente.
O reflexo dos leilões será observado no mercado, que deverá buscar o preço de exercício de R$ 303,50 por saca de 60 quilos. A análise é do superintendente comercial da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé), Lúcio Dias. Ele destacou em entrevista à Agência SAFRAS que o governo com as opções vai retirar 3 milhões de sacas do mercado. “Isso vai fazer muita falta e os preços vão subir”, afirmou, referindo-se à expectativa de uma elevação nas cotações internacionais em função disso.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou que deverão ser realizados três leilões de contratos de opção de venda na próxima quarta-feira (22), ofertando contratos de 800 mil, 700 mil e 500 mil sacas de café, com datas distintas de vencimentos.
O exercício das opções referentes ao leilão dos contratos das 800 mil sacas acontecerá em janeiro, ao preço de R$ 309 a saca. Fevereiro, será o prazo de exercício das 700 mil sacas, a R$ 311,70 cada. E o exercício do terceiro leilão, de 500 mil sacas, com o valor de R$ 314,40, ocorrerá em março.
O primeiro leilão de contrato de opção de venda do café aconteceu na manhã desta quarta-feira (15), quando foram negociados contratos que somam um milhão de sacas, a R$ 303,50 cada, com vencimento no dia 13 de novembro.