Leite com café

Por: Jornal da Manhã

ARTICULISTAS   –  Mário Salvador


14/07/2009 Faz um tempinho que Carmen e eu fomos à feira e encontramos, numa das barracas, o legítimo café de Patrocínio, em grãos, torrado.


Pois na semana passada muni-me do moedor de café, há anos guardadinho em casa, e fiz o agradável exercício de moer um quilo de café em grãos. Agradável, para mim, porque me vi com poucos anos de idade, quando era minha a tarefa de moer o café, depois que ele passava pelo torrador.
 
Era bem complicada a tarefa de coar café, outrora. Duas eram as frentes de trabalho: acender o fogo, no fogão à lenha (às vezes, com lenha molhada, que enchia a casa toda de fumaça) e preparar o pó de café, com a moagem dos grãos. Uma reserva do pó na lata bem fechada conservava o aroma da rubiácea.     
 
Hoje é abrir o pacote de café e ligar o gás e logo o café estará pronto. Bem simplificada se tornou a tarefa de coar café.

Outro dia, um noticiário na televisão também me levou ao bom tempinho da minha infância. O apresentador informava que, devido à alta no preço do leite longa vida, os produtores em uma cidade estavam vendendo o seu produto in natura, diretamente aos consumidores. E a imagem mostrou uma carroça com latões de leite, que era vendido para os fregueses, despejado em litros.
 
A cena era comum em outros tempos. O leiteiro trazia da roça (esse era o termo), o leite em latões com uma torneira adaptada. Ao chegar aos lugares costumeiros, tocava um sino e a freguesia logo aparecia, com litros nas mãos para comprar o produto. Guardei em casa um vasilhame de vidro daquele tempo.
 
Recordo-me de um caso curioso: ao subir na carroça para prosseguir o atendimento aos fregueses, um leiteiro deu um arranco mais forte e o latão virou. E até que ele conseguisse levantar o latão, perdeu muitos litros de leite. Um dó!
 
Algum tempo depois o leite passou a ser entregue nas mercearias em litros de vidro, com lacre de papelão e, mais tarde, de alumínio. As famílias adquiriam, por sua vez, vasilhames vazios para trocar pelo vasilhame com leite. Algumas optavam pelo conforto de terem o leite e o pão colocados na porta de suas casas, porta que comunicava diretamente com a rua, vejam só! Acertava-se a conta no fim do mês. Essa modalidade de venda encerrou quando o leite e o pão começaram a sumir da porta das casas. Um pulo mais e apareceram os saquinhos de leite. Um progresso e tanto, sem dúvida.
 
Interessante é a sabedoria da roça que ensina que café com leite emagrece: basta capinar mil pés de café e tirar cem litros de leite, que qualquer um fica em forma.
 
Vejam, pois, que por detalhes curiosos, tive a oportunidade de voltar a tomar o meu café com leite como no passado. Se, como dizem, recordar é viver, vivi um pouco mais.
 
 
 
(*) membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro;
  mariosalvador@terra.com.br;
Mário Salvador escreve às terças-feiras para o Jornal da Manhã de Uberaba MG.

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Leite com café

28 de outubro de 2007 | Sem comentários Comércio Mercado Interno
Por: Hoje em Dia

Leite com café
O 6º Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo selecionou os 10 melhores lotes para o leilão de amanhã. O curioso é que dois dos finalistas na categoria café natural são da Cooxupé, com fazendas à divisa, uma em São Sebastião da Grama outra em Tapiratiba. Na categoria cereja descascado, outra cooperada de Guaxupé, também com plantio em São Sebastião da Grama: Maysa Dias Macedo Costa.

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