Enquanto o consumo mundial de café gira em torno de 1,5% ao ano, esse percentual chega a 7% no Japão. O cenário estimula cada vez mais os exportadores brasileiros de café a buscar este mercado. Os embarques nacionais do grão para os japoneses cresceram 25,2% de janeiro a setembro desse ano, em comparação ao mesmo período de 2004. O volume de cafés verdes exportados foi de 1,438 milhões de sacas, contra no 1,148 milhões, nesse mesmo espaço de tempo.
Atualmente, o Japão é o quarto maior importador de cafés verdes do Brasil, atrás de Alemanha, Estados Unidos e Itália.
A torrefadora de cafés gourmet Café do Centro, do Grupo Branco Peres, iniciou este ano, exportações do grão torrado para o país oriental. “Pretendemos embarcar 10 toneladas por bimestre, gerando uma receita anual de US$ 600 mil”, afirmou Rafael Branco Peres, sócio diretor da empresa.
Segundo Peres, os japoneses exigiram o envio de cafés da Alta Mogiana, região conhecida pela excelente qualidade da bebida. “O acordo prevê que o café será distribuído na rede de conveniências Don Quijote, com 200 unidades no Japão”, acrescenta.
O Café do Centro faturou cerca de R$ 15 milhões em 2004, sendo que as exportações responderam por até 20% desse montante. Os embarques já são realizados também para França, Estados Unidos, Emirados Árabes e Taiwan.
A Vitali, empresa produtora de café gourmet orgânico, negocia dois contêineres – cerca de 20 toneladas – para o Japão. “Atualmente exportamos um pequeno volume de cafés para a Espanha. Até 2008, queremos exportar 70% da nossa produção”, conta o diretor comercial, Fábio Fernandes.
Atualmente, a Vitali produz cerca de 250 toneladas por ano e tem a capacidade de dobrar esse volume nos próximos anos.
Maior exportador
Segundo o diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), Guilherme Braga, o Brasil é o maior fornecedor de café dos japoneses, responsável por 30% do que é consumido no país.
“Além de exigentes consumidores, os japoneses são inovadores. A indústria de café japonesa criou o café em lata, que é vendido em máquinas de refrigerante de rua. Além disso, foram eles que desenvolveram o café de saches”, comenta Braga.
As exportações brasileiras de cafés torrados e moídos para o Japão tiveram um aumento de 707% em receita, de janeiro a agosto desse ano, – US$ 101 mil em 2004 para US$ 822 mil.
“O consumo per capta dos japoneses é de 7 quilos por ano, contra 5 quilos dos brasileiros. Por serem muito exigentes quanto à qualidade do café, pagam por isso”, continua Braga.
Café no Brasil
O Brasil superou a sua meta nas exportações de café torrado e moído em 2005. De janeiro a agosto deste ano, as exportações desse tipo de grão tiveram um crescimento de 123% sobre o mesmo período de 2004, com uma receita de mais de US$ 10,6 milhões. O preço médio por quilo do produto também apresentou crescimento, passando de US$ 2,89 para US$ 3,87.
O destaque em volume de vendas no período foram as importações feita pelos Estados Unidos, que apresentou crescimento de 198%, em relação ao mesmo período de 2004 – de US$ 1,9 milhão para US$ 5,6 milhões. A Europa também apresentou um crescimento de 75% – de US$ 1,7 milhão para US$ 3 milhões.
No entanto, a produção mundial de café deve cair 5,9% no próximo ano-safra devido à diminuição das colheitas no Brasil e no Vietnã, os maiores fornecedores do produto, segundo estimativa da consultoria alemã F.O. Licht . O Brasil deve colher 34,2 milhões de sacas de 60 quilos no ano-safra 2005-06, 18% a menos comparado ao ano-safra anterior, segundo a Licht.