03/07/2009 15:07:16 – Jornal de Londrina
O vice-presidente de Agronegócios do Banco do Brasil (BB), o ex-ministro da agricultura, Luiz Carlos Guedes Pinto, afirmou nesta sexta (3) que a instituição financeira irá reavaliar o risco de 94 mil clientes da agricultura empresarial, volume que representa cerca de um terço dos entre 250 mil e 300 mil tomadores de crédito do BB no agronegócio.
O banco público é o primeiro a anunciar a operação desde que a medida foi aprovada para o crédito rural, em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN). Até então, a avaliação de risco era feita automaticamente por meio de normas do Banco Central (BC), prática que ainda segue para os clientes fora da carteira de crédito rural.
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Segundo Guedes, com a reavaliação o cliente do crédito rural poderá ser reclassificado em um nível de risco menor e assim fazer novos financiamentos, ou mesmo prorrogar outras operações. Pelas normas do BC anteriores à mudança, o risco do cliente bancário era classificado com códigos que variavam de AA a H. Para cada nível, os bancos precisam fazer um provisionamento correspondente a um porcentual do valor do empréstimo, que varia de 1%, para o AA, a 100% para o H.
Segundo Guedes, a partir do código D, para o qual é necessário uma reserva do banco de 10% para garantir o risco de o cliente não pagar seu empréstimo, as instituições não fazem mais novos operações. “Para complicar, um produtor que tem risco baixo em cinco empréstimos, por exemplo, e precisa prorrogar um deles, todos os outros são reclassificados para D, o que trava o crédito”, disse o vice-presidente de Agronegócios do BB e ex-ministro da agricultura.
Guedes não soube informar quanto em volume de crédito representam os 94 mil clientes agrícolas que serão reavaliados pelo BB, mas lembrou que a carteira de crédito do BB atinge hoje R$ 65 bilhões. Desse total, R$ 18 bilhões são dívidas prorrogadas, o que não significa que todo esse valor corresponda aos empréstimos dos clientes que serão reavaliados.
A atual carteira de crédito agrícola do BB obrigou provisões recolhidas para o suporte ao risco de R$ 5,1 bilhões. “Em 2003, antes da crise agrícola e da recente crise financeira, a carteira era de R$ 26 bilhões e o provisionamento atingia R$ 493 milhões, ou seja, o crédito cresceu pouco mais de duas vezes e o risco foi multiplicado por dez”, avaliou.
Ainda segundo ele, a área técnica do Banco do Brasil é qualificada para reclassificar o risco do produtor rural, por conhecer o histórico e os antecedentes dos clientes. “Todos os que serão reavaliados têm potencial de serem reclassificados”, concluiu Guedes, que fez palestra nesta sexta a um grupo de produtores de cana-de-açúcar no Simpósio Internacional de Tecnologia e Energia (Simtec), em Piracicaba (SP).
Etanol
O Banco do Brasil já liberou mais de R$ 1 bilhão dos R$ 2,5 bilhões em recursos anunciados pelo governo federal para o programa de estocagem de etanol (warrantagem) pelas usinas e destilarias, informou o vice-presidente de Agronegócios da instituição financeira. Além do BB, os recursos são operados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O programa foi criado para que a formação de estoques pudesse reter a oferta do etanol e, assim, melhorar o preço do combustível, vendido abaixo do custo durante a atual safra, bem como para poder garantir um abastecimento durante a entressafra. Ainda segundo Guedes, além dos recursos para a warrantagem, devem ser liberados até o fim de agosto os R$ 5 bilhões destinados para capital de giro para o setor agrícola por meio do Programa de Crédito Especial Rural (Procer).