MARCELO EDUARDO DOS SANTOS
Em um momento em que o setor cafeeiro comemora os aumentos da produção dos grãos selecionados e da exportação do torrado e moído, oito provadores do primeiro time nacional se reunirão amanhã e terça-feira na Associação Comercial de Santos (ACS). Eles selecionarão as dez melhores produções para o 4º. Concurso Estadual de Qualidade do Café de São Paulo — Prêmio Aldir Alves Teixeira, com premiação no dia 26.
O concurso é organizado pelo Sindicato da Indústria de Café do Estado de São Paulo (Sindicafé), Câmara Setorial do Café, associações Comercial de Santos (ACS) e Paulista de Supermercados (Apas) e Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento, com apoio da Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic). A disputa é mais uma iniciativa do setor para melhorar a qualidade da produção a apontar novos nichos de mercado.
Amanhã, haverá a prova para a escolha dos cinco melhores cafés naturais e, na terça, os outros cinco do tipo cereja descascado. Na quarta-feira, os produtos selecionados serão leiloados às torrefadoras.
Segundo o coordenador do concurso, Eduardo Carvalhaes, dez sacas de cada produtor selecionado serão industrializadas, numeradas e, em novembro, comercializadas com selo comemorativo nos supermercados. Ele estima que pelo menos 40 mil pacotes de 250 gramas serão vendidos em edições especiais no varejo — os compradores no atacado poderão adotar outros formatos de comercialização.
Considerando-se o recorde de preço da saca no leilão do concurso do ano passado, a R$ 1.610,00 — a saca do café convencional está hoje a R$ 260,00 — o quilo do produto comemorativo sairia a pelo menos R$ 30. ‘‘É só uma suposição, pode ser até mais’’.
Os lotes vencedores serão conhecidos no dia 26. A solenidade acontecerá às 16 horas no Museu dos Cafés do Brasil, na Bolsa Oficial do Café, com a presença do secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Antônio Duarte Nogueira Júnior. No evento, estarão presentes os cafeicultores, que disputarão o título de produtor do lote mais valorizado no leilão do dia 19.
Aprimoramento
O presidente do Sindicafé e diretor da Abic, Nathan Herszkowicz, afirma que o aumento do interesse dos cafeicultores pelo concurso é reflexo da melhora da qualidade do produto paulista.
Em 2004, a disputa atraiu oito regiões produtoras e, este ano, o número subiu para 13 — Franca, Espírito Santo do Pinhal, São José do Rio Pardo, Jaú, Parapuã, Dourado, Serra Negra, Marília, São Manoel, Pedregulho, Altinópolis, Piraju e Vale do Grama. ‘‘Cada concurso representa centenas de produtores estimulados a usar novas técnicas’’, afirma Herszkowicz.
De acordo com ele, desde 2000 vem ocorrendo um interesse maior dos produtores pela qualidade. O Brasil é tradicionalmente o grande provedor mundial do café, liderando as exportações do grão verde, mas sempre teve dificuldade de disputar o mercado de alto valor agregado, como os grãos selecionados e o industrializados (torrado e moído).
‘‘Produção de excelente qualidade até em regiões desfavoráveis tem crescido nos últimos dez anos, o que ajuda a aumentar a competição contra a América Central’’, diz Carvalhaes.
Herszkowicz afirma que a exportação do café torrado e moído cresceu 125% este ano, em relação a 2004, atingindo US$ 15 milhões. Apesar do crescimento forte, a venda externa do industrializado ainda é pequena em relação ao verde, estimada em US$ 2,5 bilhões este ano.