SÃO PAULO
O veto à carne brasileira imposto por alguns países após o registro de um foco de febre aftosa no Brasil pode fazer com que o país perca até 1 bilhão de dólares em exportações que deixarão de ser realizadas até o fim do ano, estimou nesta quinta-feira a Famasul.
A previsão era de que as exportações em 2005 chegassem a 3,3 bilhões de dólares, com 2,2 bilhões de dólares já registrados até agosto.
“Estimamos que podemos perder até 1 bilhão de dólares este ano, ficando a receita entre 2,4 e 2,7 bilhões,” disse Leôncio de Souza Brito Filho, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).
Ele ressaltou que a projeção considera apenas as perdas de vendas para mercados tradicionais, não considerando possíveis novos destinos, como os Estados Unidos.
“Perdemos com o foco de aftosa importantes compradores potenciais, como os EUA, no qual vínhamos trabalhando há três ou quatro anos,” disse Brito.
O mercado esperava para 2006 a abertura do mercado norte-americano de carne “in natura,” o que poderia ajudar num avanço posterior em mercados como o Japão e a Coréia.
Os EUA, maior mercado do mundo, é visto como vital para que o Brasil possa ampliar seus embarques futuramente. Este ano, o país recebeu várias missões técnicas dos EUA, que já compram carne industrializada brasileira –cerca de 140 milhões de dólares por ano.
“Estávamos programando fazer alguns embarques de carne “in natura” para os EUA já este ano, para testes. O foco foi uma frustração para nossos planos,” disse Brito Filho.
O governo brasileiro confirmou na segunda-feira um foco de febre aftosa em Eldorado, município do Mato Grosso do Sul, Estado que era considerado livre de aftosa com vacinação e que detém o maior rebanho comercial do Brasil, com cerca de 24 milhões de animais.
Entre os mais de 30 países que anunciaram a suspensão parcial ou total das compras de carne do Brasil estão os da União Européia, que barrou compras do Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. A UE é destino de 25 por cento das exportações do Brasil em volume e de 35 por cento em valor, segundo dados do mercado.
O segundo maior destino é a Rússia –com 18 a 20 por cento do volume embarcado pelo Brasil–, que também anunciou embargo à carne do Mato Grosso do Sul.
Secretários da Agricultura dos Estados da zona livre de aftosa vão se reunir em Brasília na sexta-feira para discutir uma padronização das medidas adotadas para combater a doença.