10/06/2009 – 11h35 (Andresa Alcoforado – Da Redação Multimídia )
foto: Andresa Alcoforado
Arnaldo Gava: floresta onde só existia pasto
Pés no chão e um sorriso no rosto. É assim a vida de Arnaldo Gava, 62 anos, morador da comunidade do Oriente, em Alegre. Ele sempre teve um sonho: plantar árvores. Há 18 anos, comprou e preencheu seis hectares de terra com café, frutas e mais de 30% de árvores nativas. A cada dia, planta uma nova semente e o resultado é uma floresta bem ao lado da janela de casa.
O exemplo do agricultor do Caparaó pode ser seguido por milhares de pessoas que optam pela sustentabilidade na agricultura, ou mesmo com pequenas ações dentro de casa. Para a ambientalista Dalva Ringue, Diretora do Consórcio do Caparaó, os exemplos estão surgindo em vários municípios.
“Na sede do consórcio, temos 10 pedidos de agricultores que querem fazer reservas particulares e que pedem nossa ajuda. As pessoas mais sensíveis escutam o pedido da natureza e isso tem dado resultados concretos”, afirma.
Na propriedade de Arnaldo Gava, retenções de água foram feitas para evitar erosão e manter o solo irrigado. A plantação de oito mil pés de café conilon é a principal fonte de renda da família, mas ainda há cultivo de peixes, fruta, agroindústria com defumados, hortaliças e criação de galinhas.
“Consigo as sementes das árvores em outras matas da região e forneço a quem quiser fazer o mesmo e investir no replantio. Nos dias de chuva, saio na mata para plantar e essa é a minha felicidade”, afirma o agricultor.
Adubo que não polui
Em Irupi, alternativas para o agrotóxico
Em Irupi, também na região do Caparaó, as lavouras de café ganharam o colorido de hortaliças. Um trabalho feito pelo Incaper local está incentivando o cultivo de feijão e verduras para evitar o uso de agrotóxico entre os pés de café. As galinhas também estão sendo usadas para fazer o controle natural de pragas.
De acordo com Geraldo Celito Barbosa, chefe local do Incaper de Irupi, há uma infinidade de recursos que o agricultor pode lançar mão para ter uma lavoura saudável. “Produtores daqui usam os carneiros no controle de pragas. O mato, que por vezes compete com a plantação, é facilmente cortado pelos animais”.
Uma alternativa sustentável que também tem sido usada no município é o esterco natural. A serralha é colocada em chiqueiros. Depois de misturada com esterco de porco, a matéria orgânica vai direto para plantação. O resultado é o menor uso de minerais químicos e gasto reduzido para o agricultor.
Em Dores do Rio Preto, a compostagem virou adubo para as lavouras de café. Os agrotóxicos foram deixados de lado e as nascentes estão livres da contaminação. A iniciativa começou na propriedade de Manoel Leonardo, no distrito de Pedra Menina, e hoje ganhou mais adeptos.
“Além de ser um recurso agro ecológico, a adubação com compostagem fica até 50% mais barata que aquela feita normalmente nas lavouras. Estamos economizando e ajudando o meio ambiente. Aqui, misturamos um pouco de tudo o que resta na propriedade e estamos investindo numa lavoura melhor”, conta Manoel.
Baixo custo de energia dentro de casa O eletricista de Guaçuí Sebastião Geraldo Rodrigues, de 55 anos, criou um sistema de energia solar para economizar energia em casa. O resultado: a conta de luz ficou 30% mais barata, e o objetivo de Sebastião é reduzi-la em até 50% nos próximos meses.
O equipamento montado no telhado de casa funciona com uma bomba de lavar roupa, um termostado tirado de um secador de cabelo, um fio elétrico e placas térmicas feitas de PVC e pintadas de preto. Ele levou mais de um ano pesquisando como montar o sistema e acabou encontrando uma alternativa bem doméstica.
“A bomba da máquina de lavar roupa fica ligada às placas que, por sua vez, se ligam ao termostato. A água que passa pelos canos vai direto para a caixa. O termostato só é ligado quando a temperatura atinge 35º. Por enquanto, só liguei o sistema ao chuveiro, mas penso em distribuir para outros pontos da casa”, afirma Sebastião.
Para montar o equipamento o eletricista gastou em torno de R$400. “Pesquisei muito na internet. Existem outros sistemas, mas achei esse mais econômico e estou muito feliz por poder ajudar de certa forma a natureza”, finaliza o eletricista.