São Paulo, 12 de Setembro de 2005 –
O governo federal e a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) realizam pela primeira vez a Semana do Alimento Orgânico. Iniciada no último sábado, as ações de promoção dos alimentos livres de produtos químicos ou sintéticos acontecem até o dia 16. Alinhadas à iniciativa, as grandes redes de supermercados se organizaram para promover e ampliar a venda de orgânicos.
“Os volumes estão expressivos para esta semana”, afirma Cláudia Caires, gerente de compras da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD/Pão de Açúcar). A expectativa do grupo é um crescimento de 200% na venda dos produtos orgânicos durante o período. Todas as 554 unidades de negócios da companhia (Extra, Pão de Açúcar, CompreBem, Sendas e ABC Barateiro) participam da campanha.
O grupo trabalha hoje com cerca de 300 itens orgânicos no setor de frutas, legumes e verduras (FLV) e outros 200 produtos de mercearia. Dos 8% que a seção de FLV representa para o grupo, cerca de 2% são relativos a produtos orgânicos. O Pão de Açúcar lançou um tablóide especial, com vários itens de FLV e de outras seções, como café e açúcar.
O grupo CBD trabalha há 12 anos com produtos orgânicos e vem registrando um crescimento médio de 30% ao ano nas vendas desse segmento. “Há quatro anos, entretanto, o tema vem despontando mais na mídia e no mercado, e passamos a dar um foco maior a esses produtos, criando o cantinho do orgânico”. A iniciativa, segundo a gerente, é não só para destacar os produtos mas para evitar contaminação junto aos produtos convencionais.
Uma estratégia da rede na venda de orgânicos é trabalhar a sazonalidade dos itens. “O melão convencional, por exemplo, oferecemos o ano todo, o que não acontece com o melão cultivado organicamente. Fazemos alinhamentos com os fornecedores e organizamos ações nas lojas com folhetos e degustações”, diz Cláudia Caires.
Além disso, nas lojas Pão de Açúcar o grupo instituiu a “Quinta Orgânica”, desde o ano passado. “Já está se tornando referência para o consumidor que procura orgânicos.”
O grupo tem hoje 12 fornecedores ativos de orgânicos. “São poucos, pois é uma cultura mais difícil que a tradicional. Isso é um problema porque compromete o abastecimento das lojas”, destaca.
O Wal-Mart também vai aproveitar a ação do governo para incentivar a alimentação com produtos orgânicos. Até a próxima sexta-feira, as lojas da rede farão uma exposição mais forte dos produtos e distribuirão materiais informativos para os consumidores sobre os benefícios dos produtos orgânicos. O sacolão contará com aproximadamente 40 produtos em promoção, com preços semelhantes aos tradicionais.
Segundo Carlos Cury, gerente nacional de produtos de hortifruti, há dez anos a empresa realiza no Brasil um trabalho com produtos de mercearia e hortifruti (frutas, verduras e legumes). Hoje, conta com 14 fornecedores regulares. O consumo desses produtos no País, entretanto, ainda está distante de países da Europa e da América do Norte.
Os produtos orgânicos já respondem por 25% das vendas de hortifruti da rede na região Sudeste. Durante a Semana Nacional dos Orgânicos, a rede espera aumentar as vendas desses produtos em 30%. “No mundo, de uma forma geral, o crescimento do orgânico é mais sustentável”, esclarece Cury, “porque já existem consumidores habituais.”
Ele ressalta que no Brasil muitos clientes até gostariam de migrar para o orgânico, mas a diferença de preço (até duas vezes mais caros que os convencionais) e os problemas com a sazonalidade ainda dificultam as vendas. “Não conseguimos, por exemplo, ter continuidade de produtos”, comenta. “E isso quebra a progra-mação dos clientes.”
O Wal-Mart vem trabalhando para criar um calendário junto aos fornecedores com o objetivo de garantir a oferta regular de orgânicos. A expectativa é que no próximo ano a rede já tenha uma linha de produtos contínuos e “a preços mais acessíveis”.
(Gazeta Mercantil) ©Investnews