Segundo o cafeicultor Silvio Nisizaki, as lideranças não estão representando as dificuldades da região
A situação continua complicada para os cafeicultores brasileiros, em especial para aqueles da região do cerrado. Segundo Silvio Marcos Altrão Nisizaki, produtor em Coromandel (MG), nem o leilão de opções poderá amenizar o quadro fincanceiro, se demorar a acontecer. “O leilão de opções poderia ser uma boa saída, se fosse feito rápido. No tempo em que eles querem fazer, que seria daqui a 90 dias, o produtor já terá vendido seu café”.
Nisizaki afirma que a crise continua no setor, já que o preço mínimo estipulado pela Conab, de R$ 261, está muito abaixo do valor de produção do grão. “A ACA, Associação de Cafeicultores de Araguari, informou esta semana que o custo de produção de uma saca de café na região é de R$ 310”.
Elite na liderança
Outro dado importante, ressaltado por Nisizaki, é que as lideranças locais não estão representando corretamente os cafeicultores. “Gostaria de alertar a todos os cafeicultores do serrado mineiro, sejam pequenos, médios ou grandes, endividados ou não, mas que dependem da cafeicultura para sua sobrevivência, que chegou a hora de tomarmos uma relação clara em relação a esse menosprezo com que os governos tem nos tratado”.
“Aqui no cerrado, como em qualquer região do Brasil, existe uma elite de produtores café que possuem uma atividade paralela, isto é, que não dependem diretamente da cafeicultura para sobreviver, e, em algumas cidades, foram essas pessoas que assumiram a liderança”. Nisizaki afirma que a situação financeira dessas lideranças não representa a realidade da maioria.
“Essas pessoas estão dizendo que aqui as coisas estão boas e que aqui ninguém deve. Isso é uma mentira, estão querendo tampar o Sol com a peneira. O líder é aquele que leva as pessoas a lugares que elas não iriam sozinhas. Para onde eles querem levar a cafeicultura do serrado?”, questiona o cafeicultor.
Desigualdade
Uma saca de café é suficiente para produzir 5 mil xícaras. Em países europeus, a xícara é vendida por US$ 2,00. Isto é, uma saca vendida aqui no Brasil por R$ 261 se torna US$ 10 mil lá fora. “Quem está ganhando dinheiro são os atravessadores, as pessoas que não têm interesse em nosso negócio”, afirma Nisizaki.