02/06/2009 08:00:08
Secretário foi um dos que levaram Cooperativa de Garça à falência
Movimento encabeçado por cafeicultores, e aderido pela Garcafé (Cooperativa dos Cafeicultores da Região de Garça), pede ao Ministro da Agricultura, Reinhold Stéphannes, a saída do secretário de produção e agroenergia do Ministério, Manoel Vicente Fernandes Bertone.
Bertone é ex-diretor da Garcafé, em gestão que levou a Cooperativa à bancarrota. Ele também é ex-diretor do Conselho Nacional do Café (CNC) e está no cargo público há cerca de um ano.
Cafeicultores alegam que Bertone, à frente da secretaria, tem defendido interesses próprios em detrimento das necessidades dos produtores. Segundo a categoria, importadoras são as principais beneficiadas com os preços do café.
Hoje, a saca vale R$ 240, valor praticamente igual ao praticado no ano de 2000. Custos da produção, entretanto, já subiram em torno de 600% neste período, dizem produtores.
No último dia 25, o liquidante da Garcafé, José Wilson Lopes, enviou uma carta aberta ao Ministro, em que conta a situação vivenciada pelos cafeicultores e as dívidas resultantes da “caótica administração durante 15 anos”, em que o principal administrador da Cooperativa foi Bertone.
Cooperativa que chegou a ser a segunda maior exportadora de café do Brasil, a Garcafé está em processo de liquidação desde maio de 2005. Dívida da Cooperativa está estimada em cerca de R$ 80 milhões de reais.
Sindicatos de MG assinam carta aberta
Sindicatos dos produtores rurais de Minas Gerais e São Paulo são os principais articuladores para a saída de Bertone. Em documento produzido pelos Sindicato de Boa Esperança, Guapé, Coromandel (MG) e Altinópolis (SP), produtores questionam a morosidade nas decisões de Bertoni, o que vem prejudicando a categoria.
Além disso, no manifesto, produtores questionam o preço mínimo do café, considerado abaixo do custo de produção dos cafeicultores.
“Para o Sr. Bertoni, que vem agindo de maneira totalmente oposta ao setor produtivo, estamos pedindo sua renúncia o mais rápido possível, pois já quebrou uma cooperativa de café e está querendo quebrar toda a cafeicultura”, diz a carta aberta.
Auditoria resultou em denúncia de Bertoni
Uma auditoria levada a efeito por auditor fiscal do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) resultou na denúncia dos três diretores da Garcafé em 2005, entre eles, Manoel Bertone, ao Ministério Público Federal por indícios de crimes contra a Ordem Tributária Nacional e também por Aproprição Indébita de Verbas Previdenciárias. Ação para Reparação de Danos recorrentes da responsabilidade do dirigente frente à Garcafé também está em tramitação.
Da auditoria realizada, segundo a própria Garcafé, constatou-se Bertone responsável por prejuízos constantes, despesas de viagens desnecessárias, utilização de bens da cooperativa em campanha política e dilapidação do patrimônio da Garcafé, entre outros.