Desastres naturais despertam interesse de fundos por café

Yahoo! News – Último Segundo

11 de outubro de 2005 | Sem comentários Comércio Exportação
Por: Reuters

LONDRES (Reuters) – Uma onda de desastres naturais nas Américas causou subitamente preocupações sobre os estoques de café e despertou novamente o interesse de fundos pela commodity, tirando o mercado de um período de apatia, disseram operadores nesta terça-feira.

Furacões desarranjaram a indústria de café dos Estados Unidos e parecem que vão afetar a produção na América Central e no México. Em El Salvador, a erupção de um vulcão pode também ter danificado lavouras.

“Tem havido muita falta de atenção sobre a potencialidade dessas notícias”, afirmou um trader.

O contrato do arábica para entrega em dezembro, negociado na bolsa de Nova York (Nybot) rompeu 1 dólar por libra-peso pela primeira vez desde o início de setembro, nesta terça-feira.

Operadores do mercado como Jack Scoville, o vice-presidente para commodities da corretora The Price Group, e Boyd Cruel, analista sênior de soft commodities da Alaron Trading, têm dito que o ressurgimento do interesse dos fundos dependeria de o contrato ser cotado acima de 100-105 centavos de dólares por libra-peso.

O conillon, que é negociado em Londres, teve a maior alta em um mês no contrato novembro, subindo 4,6 por cento, para 949 dólares por tonelada.

Ambas as variedades de café estão com cotações futuras valendo cerca de um terço da máxima de cinco anos e meio atingida no início de 2005. Depois disso, vendas agressivas de fundos deixaram o mercado de lado, com baixos volumes negociados na maior parte de setembro.

Esse sentimento baixista ocorreu no mercado, apesar dos problemas causados pelos furacões Katrina e Rita em Nova Orleans, o maior porto do mundo para o mercado de café.

O último furacão, o Stan, que atingiu a Guatemala e El Salvador, finalmente elevou os preços o suficiente para fazer os fundos cobrirem suas posições vendidas.

“O sistema de fundos estava em uma campanha por vendas, mas ele não estava correto ao ignorar os fundamentos”, afirmou o primeiro operador. “A realidade é que o café será perdido em Nova Orleans… e os furacões na América Central tornaram as coisas mais difíceis.”

A Bolsa de Nova York anunciou na segunda-feira que suspendeu a licença de quatro armazéns de Nova Orleans, um movimento que alguns traders acreditam que poderá ter impacto em cerca de 150 mil sacas certificadas para entrega contra os contratos futuros.

A recente mudança veio apenas no início do ano comercial 2005/06, quando se espera que a produção fique abaixo da demanda em cerca de 5 milhões de sacas de 60 quilos, em função da menor safra nos dois principais produtores, o Brasil e o Vietnã.

Os fundos adquiriram um número recorde de contratos de café no início do ano, com a previsão de menor safra combinada a uma corrida por commodities cotadas em dólar.

Entretanto, players do café estiveram em dúvida sobre a possibilidade de o mercado recuperar a atratividade anterior, com os fundos focando agora mercados mais lucrativos, como açúcar e petróleo.

Um trader observou que o interesse especulativo passou a visar mais o curto prazo e que o café veio atrás de mercados de commodities maiores.

Novas altas em metais, no complexo energia e açúcar mudaram as atenções antes direcionadas ao café, de acordo com Mark Keenan, um gerente britânico da MPC Commodity Fund.

“O problema com o café é que existe um furacão ou alguma outra coisa e subitamente ocorrem todas essas histórias sobre o café e todo mundo fica interessado, mas depois isso morre novamente”, afirmou.

Keenan disse que a falta de informações sobre oferta e demanda, além do relativo pequeno tamanho do mercado, deixou o café menos interessante para os fundos.

“Eu não penso que um colapso no volume ou nos contratos em aberto pode reduzir o interesse no café. Quando existirem oportunidades, os fundos vão voltar para ele”, afirmou. “Uma maior transparência e estatísticas poderão atrair mais o interesse dos fundos.”

(Com reportagem adicional de Jeff Coelho em Nova York)

(Por Eleanor Wason)

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