AGRONEGÓCIOS
26/05/2009
O governo federal confirmou ontem, em São Paulo, velhas e novas medidas em implantação para apoiar a colheita de café nesta safra 2009/10. Apesar do cenário aparentemente favorável aos preços internacionais da commodity, multiplicam-se pedidos e protestos de produtores brasileiros particularmente preocupados com o elevado nível de endividamento no segmento e com a falta de crédito para honrar esses débitos e custear a produção.
Pela manhã, na primeira parte de evento organizado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Manoel Bertone, secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, anunciou a regulamentação do programa de leilões de contratos de opção de venda e a redução dos juros em operações com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), além de reiterar que está tudo certo para permitir que dívidas do Programa Dação do Funcafé possam ser pagas com sacas do produto.
À noite, na complementação do “3º Fórum & Coffee Dinner”, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, lançou a segunda edição da campanha “Café é Saúde”, que tem por objetivo promover as vantagens de se consumir a bebida e, assim, estimular a continuidade do crescimento da demanda doméstica, que vinha subindo a um ritmo de 5% ao ano até 2007 mas que teve esse ritmo arrefecido pelos efeitos da conjuntura econômica adversa. Diretamente envolvido do Programa Dação, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), também era esperado para o jantar.
No epicentro das disputas que sempre cercam a definição das políticas cafeeiras no país, o programa de leilões de opções de vendas foi regulamentado em portaria interministerial (Agricultura e Fazenda) assinada na quinta-feira. Segundo Bertone, o primeiro leilão, que deverá acontecer nas próximas semanas e terá vencimento em novembro, prevê preço de exercício de R$ 303,50 por saca. O valor considera o preço mínimo estipulado pelo governo em R$ 261,69 acrescido de um percentual de 10% autorizado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), além do custo de carregamento, que inclui armazenagem e seguro.
Para 2009/10, o programa deverá contemplar 3 milhões de sacas. Desse volume, cerca de 1 milhão de sacas serão leiloadas para as opções que vencem em novembro. Haverá outros três leilões, com vencimentos em janeiro (800 mil sacas, com preço de exercício de R$ 309 por saca), fevereiro (700 mil sacas, a R$ 311,70) e março (500 mil sacas, a R$ 314,40). Os valores são crescentes por causa da elevação dos custos de carregamento. O limite de venda será de 400 sacas por produtor.
No caso dos juros em operações de financiamento com recursos do Funcafé, o secretário do Ministério da Agricultura adiantou que a queda será de 7,5% para 6,75% e estará incluída no plano agrícola e pecuário 2009/10. Para a colheita da safra atual, segundo o ministério, serão, no total, R$ 450 milhões do Funcafé. No Programa Dação do Funcafé, finalmente, Bertone confirmou que as dívidas incluídas, que alcançam R$ 1 bilhão e vencem até 2020, poderão mesmo ser pagas com o produto.
Insuficientes para conter as reclamações sobretudo de médios cafeicultores radicados em Minas Gerais, o maior Estado produtor do país, tais medidas, para os representantes da cadeia reunidos ontem em São Paulo, fortalecem um cenário positivo para o segmento. “O preço está ruim, mas deve subir. A política de apoio deve funcionar”, disse Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da Cooxupé, maior cooperativa de café do Brasil. A sede do grupo é em Guaxupé, na porção sul de Minas.
Na região de atuação da Guaxupé, a colheita da safra 2009/10, de bianualidade negativa, acabou de começar. A cooperativa espera receber 3 milhões de sacas, ante 4,6 milhões em 2008. Em relação a 2007, quando o polo da safra também foi negativo, foram 2,7 milhões de sacas, o que sinaliza, agora, a evolução do grupo. O faturamento da Cooxupé deverá atingir até R$ 1,3 bilhão em 2009, ante R$ 1,7 bilhão no ano passado.
“Como já disse o ministro, temos no segmento ilhas de excelência e desertos de sedentos. Não é toda a cafeicultura brasileira que tem problemas crônicos e sem solução. E, apesar dos desafios impostos pela crise econômica, as perspectivas são boas”, afirmou João Antonio Lian, presidente do conselho deliberativo do Cecafé. Ele lembra que estão confirmados recordes no volume (31 milhões de sacas) e na receita (US$ 4,75 bilhões) na safra 2008/09, e atenta que em 2002, calvário da cafeicultura, os embarques renderam apenas cerca de US$ 1,8 bilhão.
A tendência positiva para os preços é decorrente do equilíbrio entre oferta e demanda globais – reforçado pela bianualidade no Brasil e por um possível recuo na produção da Colômbia- e, consequentemente, pela baixa de estoques em geral. Com a crise, o ritmo de aumento do consumo mundial diminuiu em 2008 (a alta em relação a 2007 foi de 3,2%), mas ainda assim na bolsa de Nova York a commodity acumula valorização de quase 20% em 2009.
“Os fundamentos sugerem sustentação no médio prazo”, afirmou Gabriel Silva Luján, gerente-geral da Federación Nacional de Cafeteros de Colombia. No segundo maior exportador global – perde para o Brasil -, a colheita não deverá superar as 11,5 milhões de sacas de 2008.
Apesar do cenário mais firme para os preços, ponderou Aymbiré Francisco Almeida da Fonseca, gerente-geral da Embrapa Café, a atividade, no Brasil, ainda enfrenta um “desafio tecnológico” que envolve sustentabilidade, redução de custo, aumento da geração de renda e aumento de eficiência. “Nosso foco tem de estar em tecnologias de baixo custo, mais acessíveis”. Fonseca lembrou que menos de 10% do valor gerado pelo agronegócio global do café – que em 2006 totalizou US$ 90 bilhões – ficam nos países produtores como Brasil e Colômbia.
Ter, 26 de Maio de 2009 – O governo federal confirmou ontem, em São Paulo, velhas e novas medidas em implantação para apoiar a colheita de café nesta safra 2009/10. Apesar do cenário aparentemente favorável aos preços internacionais da commodity, multiplicam-se pedidos e protestos de produtores brasileiros particularmente preocupados com o elevado nível de endividamento no segmento e com a falta de crédito para honrar esses débitos e custear a produção.
Pela manhã, na primeira parte de evento organizado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Manoel Bertone, secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, anunciou a regulamentação do programa de leilões de contratos de opção de venda e a redução dos juros em operações com recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), além de reiterar que está tudo certo para permitir que dívidas do Programa Dação do Funcafé possam ser pagas com sacas do produto.
À noite, na complementação do “3º Fórum & Coffee Dinner”, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, lançou a segunda edição da campanha “Café é Saúde”, que tem por objetivo promover as vantagens de se consumir a bebida e, assim, estimular a continuidade do crescimento da demanda doméstica, que vinha subindo a um ritmo de 5% ao ano até 2007 mas que teve esse ritmo arrefecido pelos efeitos da conjuntura econômica adversa. Diretamente envolvido do Programa Dação, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), também era esperado para o jantar.
No epicentro das disputas que sempre cercam a definição das políticas cafeeiras no país, o programa de leilões de opções de vendas foi regulamentado em portaria interministerial (Agricultura e Fazenda) assinada na quinta-feira. Segundo Bertone, o primeiro leilão, que deverá acontecer nas próximas semanas e terá vencimento em novembro, prevê preço de exercício de R$ 303,50 por saca. O valor considera o preço mínimo estipulado pelo governo em R$ 261,69 acrescido de um percentual de 10% autorizado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), além do custo de carregamento, que inclui armazenagem e seguro.
Para 2009/10, o programa deverá contemplar 3 milhões de sacas. Desse volume, cerca de 1 milhão de sacas serão leiloadas para as opções que vencem em novembro. Haverá outros três leilões, com vencimentos em janeiro (800 mil sacas, com preço de exercício de R$ 309 por saca), fevereiro (700 mil sacas, a R$ 311,70) e março (500 mil sacas, a R$ 314,40). Os valores são crescentes por causa da elevação dos custos de carregamento. O limite de venda será de 400 sacas por produtor.
No caso dos juros em operações de financiamento com recursos do Funcafé, o secretário do Ministério da Agricultura adiantou que a queda será de 7,5% para 6,75% e estará incluída no plano agrícola e pecuário 2009/10. Para a colheita da safra atual, segundo o ministério, serão, no total, R$ 450 milhões do Funcafé. No Programa Dação do Funcafé, finalmente, Bertone confirmou que as dívidas incluídas, que alcançam R$ 1 bilhão e vencem até 2020, poderão mesmo ser pagas com o produto.
Insuficientes para conter as reclamações sobretudo de médios cafeicultores radicados em Minas Gerais, o maior Estado produtor do país, tais medidas, para os representantes da cadeia reunidos ontem em São Paulo, fortalecem um cenário positivo para o segmento. “O preço está ruim, mas deve subir. A política de apoio deve funcionar”, disse Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da Cooxupé, maior cooperativa de café do Brasil. A sede do grupo é em Guaxupé, na porção sul de Minas.
Na região de atuação da Guaxupé, a colheita da safra 2009/10, de bianualidade negativa, acabou de começar. A cooperativa espera receber 3 milhões de sacas, ante 4,6 milhões em 2008. Em relação a 2007, quando o polo da safra também foi negativo, foram 2,7 milhões de sacas, o que sinaliza, agora, a evolução do grupo. O faturamento da Cooxupé deverá atingir até R$ 1,3 bilhão em 2009, ante R$ 1,7 bilhão no ano passado.
“Como já disse o ministro, temos no segmento ilhas de excelência e desertos de sedentos. Não é toda a cafeicultura brasileira que tem problemas crônicos e sem solução. E, apesar dos desafios impostos pela crise econômica, as perspectivas são boas”, afirmou João Antonio Lian, presidente do conselho deliberativo do Cecafé. Ele lembra que estão confirmados recordes no volume (31 milhões de sacas) e na receita (US$ 4,75 bilhões) na safra 2008/09, e atenta que em 2002, calvário da cafeicultura, os embarques renderam apenas cerca de US$ 1,8 bilhão.
A tendência positiva para os preços é decorrente do equilíbrio entre oferta e demanda globais – reforçado pela bianualidade no Brasil e por um possível recuo na produção da Colômbia- e, consequentemente, pela baixa de estoques em geral. Com a crise, o ritmo de aumento do consumo mundial diminuiu em 2008 (a alta em relação a 2007 foi de 3,2%), mas ainda assim na bolsa de Nova York a commodity acumula valorização de quase 20% em 2009.
“Os fundamentos sugerem sustentação no médio prazo”, afirmou Gabriel Silva Luján, gerente-geral da Federación Nacional de Cafeteros de Colombia. No segundo maior exportador global – perde para o Brasil -, a colheita não deverá superar as 11,5 milhões de sacas de 2008.
Apesar do cenário mais firme para os preços, ponderou Aymbiré Francisco Almeida da Fonseca, gerente-geral da Embrapa Café, a atividade, no Brasil, ainda enfrenta um “desafio tecnológico” que envolve sustentabilidade, redução de custo, aumento da geração de renda e aumento de eficiência. “Nosso foco tem de estar em tecnologias de baixo custo, mais acessíveis”. Fonseca lembrou que menos de 10% do valor gerado pelo agronegócio global do café – que em 2006 totalizou US$ 90 bilhões – ficam nos países produtores como Brasil e Colômbia.