O dia nacional do café será celebrado no próximo domingo, dia 24 de maio, com uma mistura de várias conquistas e difíceis desafios. O saldo positivo, para analistas, fica com a grande competência produtiva de toda a cadeia, que do campo até a industrialização consegue ano após ano suprir o crescente consumo no mercado interno, mantendo a qualidade e praticamente a mesma área plantada. Nas exportações, o Brasil deve se destacar ainda mais em 2009 como o maior fornecedor mundial da commodity, respondendo por cerca de 25% do mercado internacional. E são justamente os triunfos que carregam os problemas. Os desafios, na visão de especialistas, estão na busca de políticas para melhorar a remuneração dos produtores, em grande parte endividados, e na melhora constante da qualidade. No mercado internacional, o entrave fica com o baixo valor agregado, uma vez que os embarques estão concentrados em verdes e não nos torrados e moídos, que oferecem maior rentabilidade.
O Brasil é o segundo maior consumidor mundial do grão, perdendo apenas para os Estados Unidos. Conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), foram vendidas 17,6 milhões de sacas em 2008. Os americanos, por sua vez, compraram pouco mais de 20 milhões de sacas. Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, destacou a melhora constante na qualidade do grão cultivado e comercializado no País. “Essa história de que todo café bom é exportado não existe mais. Atualmente, é possível encontrar bebidas por aqui no mesmo nível das servidas em qualquer outro lugar do mundo”. Conforme observou, boa parte dessa conquista na qualidade foi proporcionada pela criação da Abic e consolidada no final de 1989, com o lançamento do selo de pureza, cujo objetivo era resgatar a credibilidade do setor. Além disso, o analista destacou a importância dos trabalhos no combate a pragas e melhoramento genético realizados pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“Além da melhora constante na qualidade, nosso foco será maior nos cafés sustentáveis. Nesse sentido, estamos em negociação com duas organizações que emitem esses selos. Com isso, esperamos aumentar a demanda desses produtos no Brasil”, destacou Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic. As ações, prosseguiu, ainda serão concentradas nos programas que ressaltam os benefícios à saúde e na promoção de cafés de alta qualidade. “O café expresso passou a ser tendência a partir de meados dos anos 1990, quando o setor buscava enfrentar a crise de preços baixos com grãos de alta qualidade”, completou o diretor-executivo.
Carvalhaes acrescenta que a bebida expressa foi o marco na mudança do público alvo. “Até os anos 1980, o café era confundido com bebida de velho. Mas o trabalho de algumas empresas nesse sentido ampliou o consumo entre jovens. Até hoje, notamos nitidamente a diferença de público nas padarias e nas cafeterias”, comparou. Por esse motivo, ele acredita que o País será o maior consumidor mundial da bebida nos próximos três anos. Almir Filho, presidente da Abic, acredita que até 2011, o consumo brasileiro atingirá 20 milhões de sacas. “Não sabemos como o mercado se comportará nos EUA, mas por aqui, é possível atingir esse número no máximo em 2012”.
No entanto, Carvalhaes alerta que a baixa remuneração no mercado restringe o crescimento da produção na mesma proporção. “Os estoques estão baixos e qualquer catástrofe climática, que já aconteceu em outras ocasiões, pode fazer os preços dispararem. E, diferente daquela época, mesmo com a alta, não haverá como suprir a demanda”.
Gilson Ximenes, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), afirma que o produtor fez a lição de casa até hoje. “O cafeicultor brasileiro é imbatível. Mesmo reduzindo seu padrão de vida, conseguimos suprir o que o mercado consome. Porém é preciso rever as políticas públicas para capitalizar o produtor que está endividado”. Ele reclama ainda das dificuldades no acesso aos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), cujos recursos encalhados chegam a R$ 1,4 bilhão. “Você já viu um fundo de defesa que restringe o acesso a seus recursos? Não queremos perdão das dívidas, mas condições para pagá-la como em vários setores do comércio”. Ele destacou a distribuição de renda e emprego como os pontos fortes do setor. “Precisamos repensar esses problemas para a cafeicultura voltar a brilhar”.
No mercado internacional, as exportações devem superar a inédita barreira das 30 milhões de sacas até 30 de junho, data que encerra o ano comercial. Carvalhaes afirma que o maior desafio nesse mercado é exportar com maior valor agregado. “O recorde sempre está com café verde. É claro que é muito difícil ganhar mercado com torrado e moído lá fora porque já existem marcas tradicionais. Mas é um trabalho contínuo e valioso”. Prova disso, segundo disse, é o café solúvel, considerado o “fuzileiro naval da cafeicultura”, por abrir novos mercados. “Por causa dele conseguimos acessar mercados no oriente.”
Primeiras mudas foram trazidas da Guiana Francesa para o Pará em 1727.
A história narra que as primeiras mudas de café foram trazidas da Guiana Francesa para o Pará em 1727, pelo oficial português Francisco Melo Palheta. As primeiras exportações datam de cerca de quinze anos após essa data, quando foram embarcadas 15 arrobas do grão. A partir de então, a commodity se espalhou pelo País e foi uma das principais fontes de recurso do programa de industrialização do Brasil promovido pelo então presidente Juscelino Kubitschek.
Eduardo Carvalhaes, do escritório Carvalhaes, explica que entre 1830 e 1840 o produto chegou ao Rio de Janeiro e expandiu suas atividades para São Paulo. “A partir da construção da ferrovia construída em São Paulo pelo Barão de Mauá, o produto chegou a Minas Gerais e ganhou importância em todo o Brasil”.
Até os anos 50, o café respondia por mais de 60% das divisas brasileiras. Atualmente, o café não tem mais o peso na balança comercial semelhante aquela década, o que mostra que o Brasil cresceu, deixou de ser agroexportador e hoje comercializa vários produtos, assim como itens agrícolas diversificados. O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, e o segundo maior mercado consumidor (atrás dos Estados Unidos). Em 2008, a produção brasileira foi de 46 milhões de sacas; as exportações foram de 29,5 milhões de sacas, e o consumo interno de 17,66 milhões de sacas.
Como produto, o café foi fonte de inspiração para artistas consagrados como Cândido Portinari e Tarsila do Amaral. O café ainda patrocinou grandes eventos, como a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo em 1922, e que mudou radicalmente o mundo artístico e cultural brasileiro.
O dia nacional do café será celebrado no próximo domingo, dia 24 de maio, com uma mistura de várias conquistas e difíceis desafios.
O saldo positivo, para analistas, fica com a grande competência produtiva de toda a cadeia, que do campo até a industrialização consegue ano após ano suprir o crescente consumo no mercado interno, mantendo a qualidade e praticamente a mesma área plantada. Nas exportações, o Brasil deve se destacar ainda mais em 2009 como o maior fornecedor mundial da commodity, respondendo por cerca de 25% do mercado internacional. E são justamente os triunfos que carregam os problemas.
Os desafios, na visão de especialistas, estão na busca de políticas para melhorar a remuneração dos produtores, em grande parte endividados, e na melhora constante da qualidade. No mercado internacional, o entrave fica com o baixo valor agregado, uma vez que os embarques estão concentrados em verdes e não nos torrados e moídos, que oferecem maior rentabilidade.
O Brasil é o segundo maior consumidor mundial do grão, perdendo apenas para os Estados Unidos.
Conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), foram vendidas 17,6 milhões de sacas em 2008. Os americanos, por sua vez, compraram pouco mais de 20 milhões de sacas. Eduardo Carvalhaes, do Escritório Carvalhaes, destacou a melhora constante na qualidade do grão cultivado e comercializado no País. “Essa história de que todo café bom é exportado não existe mais. Atualmente, é possível encontrar bebidas por aqui no mesmo nível das servidas em qualquer outro lugar do mundo”. Conforme observou, boa parte dessa conquista na qualidade foi proporcionada pela criação da Abic e consolidada no final de 1989, com o lançamento do selo de pureza, cujo objetivo era resgatar a credibilidade do setor. Além disso, o analista destacou a importância dos trabalhos no combate a pragas e melhoramento genético realizados pelo Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“Além da melhora constante na qualidade, nosso foco será maior nos cafés sustentáveis. Nesse sentido, estamos em negociação com duas organizações que emitem esses selos. Com isso, esperamos aumentar a demanda desses produtos no Brasil”, destacou Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic.
As ações, prosseguiu, ainda serão concentradas nos programas que ressaltam os benefícios à saúde e na promoção de cafés de alta qualidade.
“O café expresso passou a ser tendência a partir de meados dos anos 1990, quando o setor buscava enfrentar a crise de preços baixos com grãos de alta qualidade”, completou o diretor-executivo.
Carvalhaes acrescenta que a bebida expressa foi o marco na mudança do público alvo. “Até os anos 1980, o café era confundido com bebida de velho. Mas o trabalho de algumas empresas nesse sentido ampliou o consumo entre jovens. Até hoje, notamos nitidamente a diferença de público nas padarias e nas cafeterias”, comparou. Por esse motivo, ele acredita que o País será o maior consumidor mundial da bebida nos próximos três anos. Almir Filho, presidente da Abic, acredita que até 2011, o consumo brasileiro atingirá 20 milhões de sacas. “Não sabemos como o mercado se comportará nos EUA, mas por aqui, é possível atingir esse número no máximo em 2012”.
No entanto, Carvalhaes alerta que a baixa remuneração no mercado restringe o crescimento da produção na mesma proporção. “Os estoques estão baixos e qualquer catástrofe climática, que já aconteceu em outras ocasiões, pode fazer os preços dispararem. E, diferente daquela época, mesmo com a alta, não haverá como suprir a demanda”.
Gilson Ximenes, presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), afirma que o produtor fez a lição de casa até hoje. “O cafeicultor brasileiro é imbatível. Mesmo reduzindo seu padrão de vida, conseguimos suprir o que o mercado consome.
Porém é preciso rever as políticas públicas para capitalizar o produtor que está endividado”. Ele reclama ainda das dificuldades no acesso aos recursos do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), cujos recursos encalhados chegam a R$ 1,4 bilhão. “Você já viu um fundo de defesa que restringe o acesso a seus recursos? Não queremos perdão das dívidas, mas condições para pagá-la como em vários setores do comércio”. Ele destacou a distribuição de renda e emprego como os pontos fortes do setor. “Precisamos repensar esses problemas para a cafeicultura voltar a brilhar”.
No mercado internacional, as exportações devem superar a inédita barreira das 30 milhões de sacas até 30 de junho, data que encerra o ano comercial. Carvalhaes afirma que o maior desafio nesse mercado é exportar com maior valor agregado.
“O recorde sempre está com café verde. É claro que é muito difícil ganhar mercado com torrado e moído lá fora porque já existem marcas tradicionais. Mas é um trabalho contínuo e valioso”. Prova disso, segundo disse, é o café solúvel, considerado o “fuzileiro naval da cafeicultura”, por abrir novos mercados.
“Por causa dele conseguimos acessar mercados no oriente.”