Pequenos produtores da região de Amparo e Serra Negra melhoram a qualidade do grão e valorizam o produto
Niza Souza – O Estado de S.Paulo
No Sítio São João, em Serra Negra (SP), a família do cafeicultor Décio Olivotto está se preparando para iniciar a colheita de mais uma safra. Neste ano de safra menor, por causa da bianualidade do café, a expectativa é colher 20 toneladas, ou 330 sacas. No ano passado, a produção foi de 50 toneladas. Mas a queda na produção não desanimou o produtor, que desde 2006 investe na organização da propriedade e já obteve a certificação internacional UTZ Certified (de boas práticas agrícolas).
Com a certificação, Olivotto vem conseguindo vender sua safra por preço superior à cotação do mercado. No mínimo, ele recebe R$ 15 a mais por saca. Se confirmada a produção estimada para esta safra, ele aumentará sua renda em, pelo menos, R$ 5 mil. “A bonificação é um estímulo, principalmente em anos de baixa produção”, diz a filha Giane, que ajudou o pai a organizar o sítio.
A família Olivotto é uma das 250 famílias cafeicultoras da região do Circuito das Águas, todas de pequenos produtores, cadastradas no Projeto Qualidade do Café, iniciativa da Fundação Dowe Egberts, da empresa holandesa Sara Lee.
QUALIDADE
“Começamos a desenvolver o projeto em 2003, com foco na melhoria da qualidade dos grãos. Hoje, estamos num segundo momento, que é a certificação UTZ”, diz Artur Graff, diretor-superintendente da divisão Decotrade, companhia do grupo responsável pelo comércio de café verde no Brasil.
Conforme Graff, o projeto foi criado para fomentar a produção sustentável em pequenas propriedades de café. No Brasil, foram escolhidos os municípios de Serra Negra, Socorro, Amparo e Monte Alegre do Sul. “O perfil da região é de produtores familiares, que não acompanharam a tecnologia e foram perdendo qualidade”, explica o agrônomo José Luiz Melo Monteiro, consultor da Decisão Consultoria, parceira do projeto.
Dos 250 cafeicultores que participam do projeto, 105 já conseguiram a certificação. Até o fim do ano, a meta é que todos os cafeicultores do projeto estejam certificados. Para incentivar os produtores a obter a certificação, a Sara Lee se compromete a comprar o café dos produtores com um ágio que varia entre R$ 15 e R$ 20 por saca. Mas não exige fidelidade. “Se eles conseguirem um preço melhor, podem vender para outros compradores”, afirma Graff.
Certificação
Exigências do modelo UTZ e do Projeto Qualidade do Café:
Respeito às boas práticas agrícolas, inclusive do ponto de vista ambiental
Adoção de métodos de trabalho seguros
Cuidado com o gerenciamento eficiente da propriedade
Cumprimento das leis