Stephanes anuncia leilão de opções para sustentar a cotação do café

Por: Gazeta Mercantil

O Ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, anunciou ontem, em Brasília, a inclusão do café pela segunda vez no Programa de Garantia de Preços Mínimos (PGPM). Conforme o Ministro informou, serão realizados quatro leilões de opção para a compra de até 3 milhões de sacas entre os meses de novembro e março. O preço pago deve variar de R$ 303 a R$ 320 por saca entre os primeiros e últimos contratos ofertados. Caso o mercado esteja remunerando em patamares superiores, o produtor não precisa entregar a mercadoria ao governo.


Conforme revelaram lideranças dos produtores, o valor pago (prêmio) para participar dos leilões deve ficar entre R$ 8 e R$ 18 por saca. Dessa maneira, o governo espera provocar uma reação no mercado, valorizando a commodity no País que atualmente é negociada em R$ 264, conforme dados do Cepea, da Universidade de São Paulo. No entanto, ainda não está definido o tipo de grão arábica que o governo irá aceitar no ato da entrega.


Essa mesma ferramenta foi utilizada em 2002, quando o governo incluiu o café pela primeira vez no PGPM. À época, o governo se comprometeu em adquirir 6 milhões de sacas pelo valor de R$ 130 no caso do arábica e R$ 77 no robusta. A ferramenta funcionou e as opções exercidas foram inferiores a 3 milhões de sacas. Ao final daquele ano, as cotações chegaram a R$ 200, fato que também foi favorecido pela estiagem em algumas regiões.


Breno Mesquita, presidente da Comissão Nacional do Café da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), considera positiva essa sinalização do governo. “Isso demonstra que eles estão atentos à necessidade da cafeicultura”. Porém, afirmou que as opções de até R$ 320 pela saca não devem compensar o preço mínimo de R$ 261 aprovado na última semana. “Esse valor não reflete a realidade do setor, cujo patamar ideal seria acima dos R$ 300. Dessa maneira fica difícil construir uma política de renda ideal e pior ainda para converter a dívida do setor em produto físico”.


A divisão dos leilões em quatro lotes não deverá ter o efeito esperado no mercado, conforme a avaliação de Carlos Melles, deputado federal (DEM-MG), presidente da Frente Parlamentar do Café e da Cooparaíso. Para ele, deveriam ser realizados dois leilões, um em setembro e outro em novembro, com preço inicial de R$ 320, para o mercado reagir. Ele lembrou que é preciso descontar o valor do prêmio para chegar àquilo que o produtor realmente vai receber. “Se tivermos um prêmio de R$ 10 por saca, por exemplo, o valor da saca cairá para R$ 293 nos primeiros contratos. Eles precisam entender que é uma ferramenta para valorizar toda safra”, calculou. Além disso, explicou que o beneficiamento dos grãos para classificar como tipo 6 consome mais 10% do valor da saca. “O ideal seria manter o tipo 7 para entregar ao governo”, disse.


No entanto Melles revela que a cafeicultura tem encontrado resistência em outras pastas. “Nós percebemos a boa vontade do Ministro (Stephanes). Porém encontramos resistência no Ministério da Fazenda”, completou. As aquisições governamentais devem reduzir ainda mais a oferta de café disponível para exportações, em um ano em que a safra brasileira deverá cair para 38 milhões de sacas. O Brasil exportou cerca de 26,1 milhões de sacas de café no ano passado.


(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 11)(Roberto Tenório e Bloomberg News

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