As exportações das cooperativas brasileiras tiveram melhor desempenho no primeiro trimestre de 2009, quando comparadas aos totais exportados pela economia brasileira. Segundo a Gerência de Mercados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), responsável pelo estudo, os reflexos da crise financeira internacional foram observados pelo setor, com queda de 12,25% nos valores exportados, em relação ao mesmo período de 2008, porém com menor retração que os resultados das vendas externas do País, que tiveram diminuição de 19,52%.
A análise, que tem como base dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), mostra que as cooperativas exportaram US$ 668,4 milhões de janeiro a março deste ano, contra US$ 761,7 milhões em 2008. Observam-se ainda menores indicadores nas quantidades comercializadas, 10,23% menos que no primeiro trimestre do ano anterior. Já o valor recebido em reais, pelos embarques do setor ao exterior, atingiu US$ 1,55 bilhão, em conseqüência da elevação da taxa de câmbio, registrando aumento de 16,87%.
Balança comercial
Seguindo os dados apresentados pela economia brasileira, as importações das cooperativas registram valores menores que as exportações neste trimestre, em comparação ao mesmo período em 2008. No acumulado de janeiro a março de 2009, o saldo atingiu o montante de US$ 584 milhões, com queda de 7,9%. Em 2008, foram importados US$ 127,4 milhões, registrando um superávit da balança comercial de US$ 634,3 milhões, quando comparado a 2007.
Produtos exportados
O complexo soja, que engloba o grão, o óleo e o farelo, apresentou maior participação nas vendas diretas das cooperativas brasileiras, representando 29,49% das exportações totais. Na seqüência figuram o setor sucroalcooleiro (24,81%), que corresponde aos açúcares e ao álcool etílico, e as carnes (18,69%). O café, cereais (milho, trigo, arroz e cevada), algodão e leite e laticínios aparecem na seqüência, com representações de 13,49%, 4,05%, 3,56% e 1,82%, respectivamente.
Líder nas vendas das cooperativas ao exterior, o complexo soja somou um total de US$ 197,1 milhões entre janeiro e março de 2009, crescimento de 7,23% em relação ao primeiro trimestre de 2008, quando foram embarcados US$ 183,8 milhões. Os grãos apresentaram liderança no setor, representando 48% do total (US$ 94,3 milhões).
Quanto ao complexo sucroalcooleiro, o destaque ficou para os açúcares, com uma participação de 59% no primeiro trimestre de 2008 (US$ 86,4 milhões) e de 91% em 2009 (US$ 150,9 milhões). As vendas externas desse grupo de produtos registraram crescimento de 13,5%, com um total de US$ 165,8 milhões.
Mercados de destino
A Alemanha aparece em primeiro lugar entre os mercados de destino dos produtos cooperativistas no primeiro trimestre de 2009, com US$ 74,8 milhões, frente a US$ 92,4 milhões em 2008, registrando uma retração de 19%.
No mesmo período, foi observado crescimento nas aquisições feitas pela China, que tem como meta dobrar os seus estoques de soja e, logo, elevou os embarques de grãos provenientes das cooperativas em 57,11%. Os Países Baixos, seguindo essa linha, mostraram incrementos nos embarques de soja em grão (+145,56%), farelo de soja (+75,67%) e café verde (+53,12%). A Arábia Saudita também influenciou positivamente no resultados das exportações nesse período, com crescimento de 102,75% frente a 2008, puxado pelas compras de US$ 58,49 milhões (+167,98%).
Ao mesmo tempo, a desaceleração econômica provocada pela crise resultou em decréscimos nas importações de outros países como Japão, Rússia, Espanha, França e Itália. Os principais produtos afetados foram as carnes (-33,09%), os cereais (-76,16%), leite e laticínios (-54,11%), produtos manufaturados (-55,65%) e hortículas (-22,65%).
Principais estados
Paraná aparece liderando as exportações das cooperativas brasileiras no primeiro trimestre de 2009, com uma parcela de 39,9% do total, um valor absoluto de US$ 267,1 milhões de toneladas, e uma pequena queda de 0,86% em relação ao mesmo período em 2008.
Em seguida, aparecem São Paulo, com crescimento de 15,23%, atingindo US$ 161,1 milhões, frente US$ 139,8 milhões de janeiro a março de 2008; Minas Gerais, com elevação de 10%, registro de US$ 99 milhões e participação de 14,8% do total; e Mato Grosso, apresentando exportações de US$ 52,4 milhões e significativo aumento, de 162,2%.
Perspectivas
Para se traçar uma perspectiva do resultado das exportações do setor cooperativista no fechamento de 2009, é preciso aguardar o final do primeiro semestre, quando poderá ser feita melhor avaliação. Mas, num primeiro momento, a expectativa é manter os valores alcançados em 2008, ou seja, um total de US$ 4 bilhões. Quanto aos produtos, espera-se manutenção do ritmo forte registrado pela soja, seguida pelo açúcar, também com recuperação das carnes.
Outras considerações
As atenções são voltadas para os indicadores econômicos no mundo e aos possíveis impactos da crise mundial na atividade interna dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. Além disso, as barreiras não-tarifárias, as oscilações nas cotações das commodities e da taxa de câmbio também tendem a impactar o resultado das relações comerciais das cooperativas ao longo de 2009. Soma-se a isso, custo Brasil, revelado pela infra-estrutura insuficiente e a elevada carga tributária, que inibe investimentos.