08/04/2009 – A cotação internacional do café colombiana é a mais alta em 11 anos, porém, não se verifica um estado de bonança. Em meio à turbulência econômica mundial, o país recebe boas notícias, ao ter o grão cotado a 1,76 dólar por libra. Trata-se de um valor que a nação não via desde 1998, quando a cotação atingiu 1,80 dólar por libra.
Graças a essa recuperação no preço externo, a cotação interna segue avançando. Há duas semanas ela havia atingido o nível mais alto em dez anos, 694 mil pesos (290,18 dólares) por carga de 125 quilos, ao passo que nesta semana atingiu 746 mil pesos (311,92 dólares).
Sobre esse comportamento, o presidente da Asoexport (Associação Nacional dos Exportadores de Café da Colômbia), Jorge Lozano, explicou que a alta obedece a escassez do grão nos mercados externos, devido a uma retração da produção nacional. Tal retração é resultado da estação seca e da renovação de lavouras, que se adianta em todo o país. Para o dirigente, se hoje essa situação é favorável para os cafeicultores, mais à frente poderia se tornar complicada, pois devido à recessão e à necessidade de adquirir o produto, os compradores internacionais que não têm compromissos com o café da Colômbia poderão buscar substitutos, como o café brasileiro, que tem um diferencial de preço de quase 65 centavos de dólar frente ao produto colombiano.
Para Lozano, os estoques de café da Colômbia são muito baixos e a safra atual não permite armazenar uma boa quantidade de café. Segundo ele, os estoques, que geralmente ficam entre 500 e 600 mil sacas, neste momento não servem para cumprir os pedidos, que ao mês oscilam entre 700 mil e 1 milhão de sacas. Lozano assegurou que esse diferencial de preços poderá deixar descontentes os clientes no exterior e, por isso, os exportadores esperam que com a chegada da mitaca (safra de começo do ano), que começará a aparecer em duas semanas, se normalize totalmente a cotação do grão, equilibrando os embarques e aumentando os estoques disponíveis do país.
A Colômbia prevê para este ano uma produção de cerca de 11,5 milhões de sacas, sendo que 70% será destinada ao mercado externo, de acordo com dados da Federacafe (Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia). O bom momento vivido pelos preços também segue a produção do Brasil, que neste ano cairá mais de 14%, devido ao ciclo bianual. Assim, frente à atual conjuntura, a Federação aproveitou para formular um novo chamamento aos produtores, para que façam a fertilização de suas lavouras, com desconto de 7,5% nos preços dos insumos. “Os cafeicultores devem entender que para aproveitar as circunstâncias atuais de preço e fortalecer seu bem-estar é indispensável fertilizar já”, apontou Gabriel Silva Luján, diretor executivo da entidade, que apontou que, apesar dos bons preços, os cafeicultores não conseguem viver de maneira tão favorável como ocorria há 20 anos, por exemplo.