Nos dias 1º e 2 de abril, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), através do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CBP&D – Café), vai realizar dia de campo para intercâmbio de experiências entre agricultores que participam do Projeto Café em três comunidades da região de Alto Paraíso de Goiás (GO). Os trabalhos serão conduzidos pelos pesquisadores da EPAMIG Waldênia Moura e Paulo César de Lima – da Unidade Regional da Zona da Mata, em Viçosa -, que já coordenam ações junto a 30 agricultores familiares em seis unidades experimentais das comunidades da Fraternidade, Vereda e do Sertão, naquele estado.
São esperados 70 agricultores familiares (também de assentamentos da região), técnicos, representantes de sindicatos rurais e associações de agricultores, pesquisadores, professores e estudantes para transferência da tecnologia da EPAMIG em café orgânico e agroecológico. Este é o primeiro trabalho de pesquisa da empresa em Goiás, cuja implementação foi iniciada em 2007. Segundo a pesquisadora Waldênia Moura, trata-se de um projeto participativo, em que os agricultores vão sendo capacitados à medida que as atividades são executadas. “Orientamos sobre instalação de viveiros, formação de mudas de café, preparo de sementes e de solo, adubações, formação de composto orgânico. A intenção é que o grupo aprenda e divulgue as tecnologias para que as comunidades se tornem independentes e formadoras de opinião”, ressalta a pesquisadora.
O Projeto Café propõe, através de parceria com produtores, prefeituras, ONGs e instituições de pesquisas, estabelecer unidades experimentais em propriedades familiares, de acordo com a realidade local, onde sejam testados os sistemas integrados de produção orgânica e agroecológica da tecnologia gerada para a região. Durante o dia de campo, haverá visita às unidades experimentais, troca de experiências com os agricultores experimentadores da tecnologia e apresentação dos resultados das atividades já realizadas.
Área de Proteção Ambiental
O município de Alto Paraíso de Goiás é caracterizado pelo bioma Cerrado e, conforme o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, pertence à Área de Proteção Ambiental (APA) de Pouso Alto. É um dos municípios sob jurisdição do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, que abrange área de 65.514 hectares, reconhecido como Reserva da Biosfera do Cerrado Goyaz e como Sítio do Patrimônio Natural Mundial pela Unesco, cujo objetivo é preservar o cerrado de altitude e a fauna local, a interpretação ambiental, o ecoturismo, a pesquisa científica e a educação ambiental. Dos 6.182 habitantes, 2.003 são da área rural.
Na região, o projeto de implementação da cafeicultura orgânica e agroecológica para a agricultura familiar foi iniciado a partir da caracterização ambiental e diagnósticos rurais participativos, considerando limites, altitude, topografia, uso da terra, solos, nascentes e cursos d’água, explica o pesquisador Paulo César de Lima. Com base nas informações, foram idealizados os modelos de sistemas com avaliação das cultivares antigas de café e das melhoradas, visando recomendar as mais promissoras para a região. O estudo aponta ainda os materiais alternativos para adubação dos cafezais já em produção para que os agricultores reduzam a aquisição de insumos externos.