19 de Março de 2009 – Responsáveis pelo principal produto agrícola de Rondônia, os diferentes sistemas produtivos de café praticados no Estado ganham este ano um retrato econômico e ambiental.
Elaborado há três anos por pesquisadores da Embrapa Rondônia, o estudo vai mostrar como as diferentes tecnologias de cultivo interferem na produção, na renda dos agricultores e no meio ambiente. Os resultados deverão apontar caminhos para o aprimoramento da cultura no Estado.
A pesquisa é realizada em seis municípios produtores de café em Rondônia. Primeiramente, foram identificados os diferentes sistemas produtivos: tradicional, podado, adubado e irrigado, arborizado, agroecológico e clonal. O passo seguinte foi identificar os coeficientes técnicos de cada sistema de produção, ou seja, descobrir quais são os procedimentos utilizados no cultivo, como preparo do solo, controle de pragas, colheita e secagem dos grãos. O objetivo é determinar o custo de produção e calcular a receita do produtor.
Depois de três anos de coletas sistemáticas de dados, os pesquisadores chegaram a resultados que mostram diferenças significativas de produtividade e rentabilidade de cada sistema de produção. O mais rudimentar, por exemplo, praticado com baixo nível de tecnologia, poda realizada de maneira inadequada, pouco controle de pragas e sem adubação do solo, apresenta produtividade média de 12 sacas por hectare. Uma propriedade de 5 ha renderia, neste modelo, menos de um salário mínimo por mês.
Um dos sistema mais eficientes, encontrado no município de Nova Brasilândia d’Oeste, localizado na zona da mata rondoniense, apresenta produtividade média de 70 sacas por hectare, quase seis vezes maior que no sistema tradicional. O sistema utiliza a técnica de propagação vegetativa para produzir clones de plantas altamente produtivas. Também são utilizadas tecnologias de irrigação, poda e controle de pragas e doenças.
Tecnologia pode dobrar a produtividade da lavoura
Engenheiro agrônomo e doutor em Economia Aplicada, Samuel José de Magalhães Oliveira é um dos responsáveis pelo levantamento de dados e afirma que a cafeicultura em Rondônia apresenta graves problemas em função da falta de tecnologia e de mão de obra. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a área plantada e a produção de café do Estado diminuiram consideravelmente nos últimos sete anos. Na safra 2003/2004 foram colhidas 2,5 milhões de sacas, enquanto 1,7 milhão de sacas são estimadas para a safra 2008/2009.
“Posso afirmar que, aplicando a técnica de poda corretamente, é possível até dobrar a produtividade da lavoura”, diz o pesquisador Samuel Oliveira, da Embrapa Rondônia. E esse seria o primeiro passo para qualificar a produção. A poda não exige grande investimento e oferece à planta a arquitetura de galhos adequada para alto rendimento na produção de frutos.
É o que acontece no município de Alta Floresta do Oeste, apontado como polo emergente da cafeicultura no Estado. Em função da boa fertilidade do solo, não são necessárias grandes aplicações de adubo. A poda dos cafeeiros e uma leve adubação garantem uma produtividade média de 40 sacas por hectare e uma receita líquida de 2,3 salários mínimos por mês, se considerados 5 ha de área plantada.
Avaliação de impacto ambiental
Além dos custos de produção, o estudo também avalia o impacto dos sistemas de produção no meio ambiente. O trabalho conduzido pelo engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia Zenildo Ferreira Holanda Filho, especialista em método de análise de impacto ambiental, mostra que a lavoura de café pode reduzir a erosão por ter grande capacidade de retenção de solo. Tecnologias que substituem a queima generalizada no preparo da área de cultivo também trazem resultados positivos. A adubação praticada de forma adequada é importante para a manutenção dos nutrientes no solo e a preservação da vegetação em margens de lagos e cursos d’água é outro fator determinante de sustentabilidade ambiental.
Os estudos de avaliação econômica e ambiental fazem parte do projeto “Aspectos sócio-econômicos da cafeicultura em Rondônia”, coordenado pela Embrapa Rondônia, uma das 41 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As atividades são financiadas pelo Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café (CNP&D/Café).
Fonte: Embrapa
Autor: Daniel Medeiros